A mistura de bebidas alcoólicas com
energéticos pode acarretar perigos para os usuários e atrapalhar o
carnaval de muita gente, alerta o vice-presidente da Sociedade de
Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj), Ricardo Mourilhe.
Segundo ele, os energéticos são ricos
em cafeína e taurina, que são “potentes estimulantes – assim como o
álcool -, e podem induzir ao aumento da pressão arterial, à arritmia”.
Uma doença cardíaca pré-existente pode ser agravada, e se o usuário tem
uma doença incipiente, ainda não manifestada, ela pode ser
potencializada por causa do uso dessas substâncias, disse Mourilhe.
O cardiologista explicou à Agência
Brasil que se o consumidor tem pressão arterial já elevada e toma
estimulante misturado com álcool, a pressão sobe mais ainda, e isso pode
levar a um acidente vascular cerebral (AVC).
Pessoas de qualquer idade estão
sujeitas a esses perigos, mas Mourilhe explicou que, nos jovens, o risco
da combinação álcool e energético é maior porque “o jovem, em geral,
faz uso dessas substâncias em quantidade muito maior. Se ele tem, por
exemplo, a doença não diagnosticada, não conhecida, o risco dele acaba
sendo maior por esse motivo. Normalmente, a pessoa mais velha tende a se
cuidar mais e se policia”. O jovem, ao contrário, mesmo que tenha algum
problema, costuma relaxar mais e ignorar os perigos, apontou.
O vice-presidente da Socerj recomenda
que se a pessoa resolver beber, é importante que se mantenha hidratada,
porque a hidratação oral ajuda a minimizar a questão. Um dos problemas
da combinação álcool e energético, segundo ele, é a rápida desidratação,
o que agrava ainda mais os riscos, e isso dá mais arritmia, mais
hipertensão arterial.
É preciso também que os foliões não
esqueçam de se alimentar no período do carnaval. Nunca devem beber em
jejum, destacou Mourilhe. “Como a mistura de energéticos com álcool leva
à desidratação, se junta desidratação com jejum, o quadro se agrava
mais”. Por isso, indica que é importante se alimentar durante o consumo
da mistura e beber muita água em paralelo.
O ideal, porém, advertiu o
cardiologista, é reduzir ao máximo a combinação de bebidas alcoólicas e
energéticos, ou não consumir, e se for usar, que o faça com “extrema
moderação”. Ele diz que hoje em dia os jovens costumam misturar
energéticos com vodca, que é uma bebida mais barata. Isso é um
agravante, disse, porque o destilado tem um percentual de álcool muito
mais alto que a cerveja, por exemplo. “Então, tendo mais álcool, maior o
risco”, ressalta.
De acordo com a presidenta da Socerj,
Olga Ferreira de Souza, os energéticos permitem que a pessoa beba em
maior quantidade. Com isso fica mais sujeita a embriaguez e a riscos de
quedas, de acidentes, de dependência e até de morte, com redução de
reflexos.
Pesquisa feita em 2002 pela
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostra que a cafeína
presente nos energéticos, quando combinada com álcool, tem impacto
negativo no cérebro, podendo levar ao envelhecimento precoce e a doenças
como o Mal de Parkinson e Alzheimer.
Da redação, Por Alana Gandra