O papa Francisco pediu aos membros dos grupos de crime organizado
italianos, neste sábado (21), que se arrependam. E acrescentou que, se
isso acontecer, a Igreja Católica os receberá, se prometerem nunca mais
servir a causa do mal.
A agência Reuters informou que ele falou durante uma audiência no
Vaticano para peregrinos e ativistas contra o crime organizado da região
da Calábria, no sul, casa da Ndrangheta, o equivalente à máfia
siciliana.
“Abram seus corações para o Senhor. O Senhor está esperando por
vocês, e a Igreja vai recebê-los desde que a vontade de servir ao bem
seja clara e pública, como a escolha de servir ao mal era”, disse.
Quando ele visitou a Calábria no último mês de junho, acusou grupos
de crime organizado de praticarem “a adoração do mal” e disse que
membros se “excomungaram” da Igreja pelas suas ações. A Ndrangheta, cuja
maior parte do dinheiro sai do tráfico de drogas, espalhou-se da
Calábria para o norte da Europa e para a América do Norte.
Um estudo de 2013, da Demoskopia, um instituto de pesquisa social e
econômica, estimou que a Ndrangheta fatura por volta de 53 bilhões de
euros em 30 países, o equivalente a 3,5 por cento da economia total da
Itália. Está sendo mais difícil combater a máfia da Calábria do que a
siciliana porque sua estrutura é mais lateral do que hierárquica e as
suas famílias são bastante unidas.
Encontro com Merkel
O papa Francisco também recebeu neste sábado, no Vaticano, a chanceler alemã, Angela Merkel, para uma audiência particular durante a qual falaram de pobreza e migração e se comprometeram com uma ‘solução pacífica’ para o conflito na Ucrânia.
A audiência, que durou 40 minutos, particularmente longa, centrou-se
em temas de caráter internacional como “a luta contra a pobreza e a
fome, a exploração dos seres humanos”, indicou o Vaticano, em um
comunicado.
Os dois líderes falaram “em particular” da situação na Europa e
destacaram o próprio “compromisso para alcançar uma solução pacífica
para o conflito na Ucrânia”, destacou a nota. A líder alemã, filha de um
pastor protestante, celebra uma série de reuniões na Europa para
preparar a agenda da cúpula do G7, em junho próximo, que reunirá
dirigentes das sete maiores economias do mundo – Estados Unidos,Canadá, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Japão -, com os que quer
discutir temas como pobreza e migração.
Merkel, que se reuniu pela segunda vez em uma audiência privada com o
papa argentino, tinha antecipado durante sua tradicional mensagem
semanal pela internet, que acreditar em Deus lhe dá ‘apoio’, orientação’
e ‘confiança’.
Ao final do encontro, durante a tradicional troca de presentes, a chanceler alemã entregou um envelope com uma doação em dinheiro destinada aos filhos de refugiados, contou.
Também deu de presente ao Papa uma coleção de álbuns do compositor
alemão e protestante Johann Sebastian Bach (1685-1750), ao qual o
pontífice respondeu com um “danke” (obrigado, em alemão). O Papa deu de
presente à chanceler as medalhas do pontificado e sua primeira
encíclica, “Evangelii Gaudium” (2013), traduzida para o alemão, o que
surpreendeu Merkel.
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