Em época de festas, principalmente no
Carnaval, não é incomum ver os foliões misturando as bebidas energéticas
com bebidas alcoólicas, como rum ou uísque. O problema aparece depois:
arritmia cardíaca e elevação da pressão arterial. Estes são dois dos
sintomas que podem surgir para quem faz a associação das duas bebidas,
foi o que explicou o cardiologista João Alfredo. Segundo ele, a mistura
pode provocar problemas de saúde apenas reversíveis em hospitais e
inclusive levar à morte.
“Em janeiro, uma pessoa jovem, com menos de 40 anos, fez essa
associação em um festival de música. No dia seguinte ela passou mal
durante o dia, mas morreu à noite, quando foi ao hospital”, contou
Alfredo. “A utilização dessas bebidas potencializa o risco de arritmia,
provoca uma irritação no músculo cardíaco.
Alguns dos fatores que podem
desencadear a morte súbita são a arritmia cardíaca ventricular, que são
alterações no ritmo cardíaco normal, ou a fibrilação ventricular, que é
uma das arritmias que causam morte súbita pela utilização das bebidas”,
explicou.
O cardiologista alerta que é recomendável a qualquer pessoa evitar
consumo das duas bebidas juntas, em especial, pessoas com predisposição a
doenças cardíacas. Há ainda o problema da hipertensão, que pode
aparecer quando se faz uso da mistura.
Conforme João Alfredo, somente o consumo de bebidas alcoólicas já
aumenta a pressão arterial. “A hipertensão pode levar a alterações
vasculares e provocar ainda o AVC (Acidente Vascular Cerebral)”,
apontou. De acordo com Alfredo, fatores de risco, como obesidade ou
diabetes, aumentam as chances de um AVC, e deve ser evitado o consumo de
energético.
De acordo com o coordenador geral do Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência (Samu), Márcio Ferreira, durante o período de Carnaval aumenta a
incidência de pessoas com níveis de embriaguez. “Quem for tomar
energético e tiver predisposição a algum problema cardíaco pode ter
taquicardia, por exemplo. Mas a maior frequência é de embriaguez”,
afirmou.
O estudante Carlos Almeida (nome fictício para preservação da
identidade), que mora em João Pessoa, revelou que já chegou a passar
três dias com taquicardia em função da mistura de bebidas energéticas
com bebidas alcoólicas. Ele contou que, por ter sono durante as festas
as quais ia, tomava pelo menos uma latinha de qualquer energético para
poder despertar. Depois de certo tempo, Carlos descobriu um energético
mais em conta e vinha em garrafa. Ele contou que começou a ignorar os
efeitos nocivos do energético.
“Eu tomava muito mais de uma latinha, não sei quanto exatamente, como
se fosse refrigerante, misturando à bebida. Resultado: exagerei numa
noite e, além de ficar muito bêbado e não lembrar de nada, tive
taquicardia por três dias. O coração ora batia acelerado, ora batia
forte ou descompassado”, descreveu. Carlos disse que não buscou auxílio
hospitalar para melhorar a situação e que tentou resolvê-la em casa. Ele
contou que, mesmo após o incidente, continua tomando energéticos, mas
em baixas doses.