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Oitenta e duas unidades de básicas de saúde da Paraíba estão em situação de sucateamento. A constatação é do Conselho Federal de Medicina (CFM) que divulgou, nesta segunda-feira (2), um levantamento das fiscalizações realizadas pelo órgão em 2014. No total, foram identificadas 952 unidades com problemas no país inteiro, o que significa que 8,6% destas estão na Paraíba.

Segundo o CFM, foram fiscalizados ambulatórios, unidades básicas de saúde, centros de saúde e postos dos programas de Saúde e de Estratégia da Família do Sistema Único de Saúde (SUS), nos quais avaliaram-se questões como estrutura física das unidades, itens básicos necessários para o funcionamento de um consultório e condições higiênicas.

O órgão apontou que 331 unidades tinham mais de 50 itens em desconformidade com o estabelecido pelas normas sanitárias. O levantamento mostrou que 37% das unidades fiscalizadas não tinham sanitário adaptado para pessoas com deficiência; 25% não tinham sala de esterilização; 22% não dispunham de sala de espera com bancos ou cadeiras apropriados para os pacientes; e 18% não contavam com sala ou armário para depósito de material de limpeza. Em 38 unidades visitadas (4%), não existia sequer consultório médico. “Sabíamos que a situação era precária, mas agora, com a informatização da fiscalização, comprovamos em números o quanto a assistência básica está abandonada”, afirmou o presidente do CFM, Carlos Vital.

O CFM não divulgou detalhes da situação de cada estado e nem os municípios em que os postos sucateados estão localizados, mas apontou que os principais problemas se espalham por unidades de saúde de todo o Brasil. De acordo com o diretor de fiscalização do Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB), João Alberto Pessoa, a maior dificuldade no Estado é a falta de estrutura dos postos de atendimento.

“O maior problema que identificamos aqui é a condição física do ambiente de trabalho dos médicos. Por exemplo, temos PSF onde não há lugar para se examinar o paciente . O ambiente muitas vezes também não tem condições de higiene”, afirmou João Alberto. “Não adianta colocar um médico em um local se lá ele não tem condições de atuar”, completou.

O levantamento do CFM foi alimentado por dados dos Conselhos Regionais de todo o país. Segundo João Alberto Pessoa, no ano passado o CRM-PB fiscalizou unidades de 86 das 223 cidades paraibanas. “Em nossas fiscalizações são feitos relatórios que são encaminhados ao Ministério Público e aos gestores . Quando são constatados problemas, pedimos que o gestor responsável solucione e caso isso não seja feito, entramos com o processo de interdição ética, para impedir que os médicos trabalhem nesses locais”, pontuou.

Os dados do Conselho Federal de Medicina será encaminhado aos secretários estaduais de Saúde e ao Ministério Público Federal (MPF).

Jornal da Paraíba
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