A presidente Dilma Rousseff
recebeu nesta quarta-feira (25) uma manifestação de apoio dos nove
governadores do Nordeste durante reunião no Palácio do Planalto, segundo
relato do governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB).
Coutinho coordenou a co,itiva nordestina, que se comprometeu a
pedir aos parlamentares das bancadas do Nordeste apoio às medidas de
ajuste fiscal do governo que serão votadas pelo Congresso.
Os governadores entregaram a Dilma uma carta (veja íntegra ao final desta reportagem)
na qual, segundo Coutinho, afirmam o "compromisso com a democracia" e
dizem que Dilma ganhou a eleição presidencial "de forma limpa" e "deve
governar".
"Não podemos concordar que o legítimo exercício do direito de
oposição e de livre manifestação seja confundido com teses sem qualquer
amparo na Constituição Federal, e que dificultam o pleno funcionamento
das instituições brasileiras", diz o texto da carta.
O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, afirmou que o "gesto
de solidariedade e apoio à presidenta" foi o ponto "mais relevante" da
reunião.
"Na reunião, tratamos da agenda política. A presidente foi bem
clara, e os nove governadores expressaram em uma carta seu compromisso
com a democracia, que pressupõe regras claras: que quem ganhou a
eleição, de forma limpa, deve governar. Não se pode alterar regras no
meio do mandato em razão de alguns percalços que porventura possam vir a
ocorrer, sejam na economia, sejam em outro setor", declarou Ricardo
Coutinho, que falou em nome dos nove governadores.
Além de Coutinho, participaram do encontro os governadores de Alagoas, Renan Filho (PMDB); do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB); do Piauí, Wellington Dias (PT); de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB); do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD); do Ceará, Camilo Santana (PT); de Sergipe, Jackson Barreto (PMDB) e da Bahia, Rui Costa (PT).
"Expressamos à presidente e nos colocamos na carta como
agentes da construção do amplo entendimento nacional. O Brasil precisa
construir diálogos, pontes entre os poderes Legislativo, Executivo e a
sociedade. Nós não podemos acirrar diferenças neste momento. É
fundamental apostar nas convergências, e os governadores do Nordeste têm
essa visão", declarou Coutinho.
Ajuste fiscal
Ao defender as medidas de ajuste fiscal, Ricardo Coutinho
ressaltou que os governadores do Nordeste procurarão as bancadas no
Congresso Nacional para pedir que os parlamentares votem favoravelmente
às propostas.
Para ele, "não interessa a posição política" dos deputados e
senadores, pois "ninguém quer o desequilíbrio fiscal do país nem o
desequilíbrio político do país".
“Cada governador precisa dialogar com suas bancadas, explicar
algumas coisas e tem alguns exemplos claros de situações que acontecem e
quem paga pela situação não é quem governa – até porque se fosse seria
muito bom –, quem paga é o povo”, disse.
Na avaliação de Ricardo Coutinho, o governo precisa ter "muito
cuidado" ao realizar o ajuste. "Por isso, nós estamos confiando no
governo federal e na presidenta Dilma", acrescentou.
Ao destacar que Dilma defendeu o ajuste fiscal do governo, o
ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, voltou a dizer que é preciso
reduzir ainda mais os gastos, a fim de se reequilibrar as contas
públicas.
“Mesmo que você corte ministérios, você cortará os cargos de
ministros e alguns cargos associados, e isso não resolve o problema
fiscal no país. O que resolve é o contingenciamento dos recursos”,
afirmou.
Reivindicações
A carta entregue à presidente
pelos governadores apresenta ainda cinco reivindicações, entre as quais
pedido abertura para novos financiamentos; continuidade dos
investimentos federais nos estados por meio do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC) e do Minha Casa, Minha Vida; investimentos na saúde,
ações de combate à seca; e unificação dos sistemas de segurança pública.
O ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, disse que
alguns pedidos apresentados pelos governadores nordestinos foram
considerados por Dilma "inegáveis”, como a construção de adutoras de
água e reorientação de caminhões-pipa para garantir o fornecimento de
água a populações atingidas pela seca no semiárido.
Da Redação com G1