“Tuberculose é grave, mas tem cura”. Esse é o tema do Dia Mundial de
Combate à Tuberculose, comemorado no próximo dia 24 de março. Levando em
consideração a importância de lembrar a data, o Governo do Estado, por
meio da Secretaria de Estado da Saúde dará apoio às ações de
conscientização e prevenção da doença nos 223 municípios paraibanos. A
ação terá como principal objetivo estimular os profissionais da Atenção
Básica a realizarem busca ativa de sintomáticos respiratórios (pessoas
que apresentam tosse por um período de três semanas ou mais) e
conscientizar a população quanto à importância do diagnóstico precoce.
No Hospital de Doenças Infectocontagiosas Clementino Fraga (CHCF),
que integra a rede hospitalar do Estado da Paraíba, a programação para
lembrar a data começa na próxima segunda-feira (23), com uma série de
ações e atividades até a quarta-feira (25). A Semana de Combate à
Tuberculose da unidade de saúde contará com exibições de vídeos,
palestras, serviços de orientação ao público, identificação dos
principais sintomas da doença, testagem para diagnóstico da tuberculose,
entre outras atividades. Também está prevista uma testagem para
diagnóstico da tuberculose (broncoscopia) no Presídio Sílvio Porto, em
João Pessoa.
Na quarta-feira (25), a partir das 7h, a equipe do Clementino Fraga
realizará uma ação de orientação no Mercado Público do bairro de
Jaguaribe, em João Pessoa, com entrega de material educativo e captação
de sintomáticos, ou seja, de pessoas que possam ter os sintomas da
tuberculose. A ação contará também com apresentação do grupo teatral
‘Cia da Saúde e do Sorriso’, formado por servidores do Clementino Fraga.
Bayeux e Campina - “No dia 24 de março, o Núcleo de
Doenças Endêmicas (NDE) SES-PB participará das ações que serão
desenvolvidas pelos municípios de Bayeux e Campina Grande. Será
distribuído material educativo sobre a prevenção e o tratamento da
tuberculose com o intuito de diminuir a incidência da enfermidade em
todo o Estado”, informou a chefe do NDE, Lívia Borralho. A SES-PB tem
incentivado os municípios a intensificarem a campanha contra a
tuberculose, desenvolvendo ações de prevenção e orientando a população
sobre os sinais e sintomas da doença. “Este é um período pontual, mas o
alerta vale para o ano inteiro. A tuberculose é uma doença grave, mas,
se tratada adequadamente, tem cura”, disse Lívia.
De acordo com a programação, em Campina Grande, no Serviço de
Referência, será realizado um dia de atividades alusivas à campanha de
combate à tuberculose, com palestras e atividades no Grupo de
Autocuidado de Tuberculose e Hanseníase. No município de Bayeux será
realizada a abertura da Semana de Atividades em Combate à Tuberculose na
Unidade de Saúde da Família Mário Andreazza. Será ofertado café da
manhã e serão realizadas palestras sobre a tuberculose, além de uma
mobilização para busca ativa de sintomáticos respiratórios no território
adscrito das UFS’s.
A doença – A Tuberculose é caracterizada
como uma doença infectocontagiosa que afeta, principalmente, os
pulmões. Ainda é responsável por várias mortes no mundo, causada pelo
Mycobacterium Tuberculosis, também conhecido como bacilo de Koch, e tem
como principais sintomas a tosse com secreção, febre, suores noturnos,
falta de apetite, emagrecimento, cansaço fácil e dores musculares. Ela
também provoca dificuldades para respirar, eliminação de sangue e
acúmulo de pus na pleura pulmonar, nos casos mais graves. O tratamento
tem duração mínima de seis meses, com medicação gratuita fornecida pelo
Ministério da Saúde e disponibilizada nas unidades de saúde dos
municípios da Paraíba.
De acordo com a infectologista do Complexo Hospitalar Clementino
Fraga, Adriana Cavalcanti, qualquer paciente com tosse (seca ou com
catarro), por mais de 15 dias, associada à febre e perda de peso
involuntária, deve procurar o médico. “A pneumonia e a sinusite se
confundem com a tuberculose e a dúvida é tirada com a radiografia do
tórax e o exame do escarro. Vale lembrar que as pessoas mais vulneráveis
à doença são os alcoólatras, indivíduos com HIV e desnutridos”,
observou.
A médica explicou que, diagnosticada a doença, o tratamento deve ser
iniciado imediatamente. “Após um mês de tratamento, o paciente deixa de
transmitir a doença. O tratamento inicial é de seis meses. Todos os
meses ele precisa pegar a medicação e passa por uma avaliação e isso
pode ser feito no Clementino Fraga e nas Unidades de Saúde da Família
(USF) O alerta é para que não haja interrupção no tratamento. Muitas
vezes o paciente é usuário de drogas, de álcool e interrompe. Com isso,
surge o risco do organismo ficar resistente à bactéria e o procedimento
vai ficando cada vez mais longo. Como a tuberculose causa a inflamação e
destruição pulmonar, caso não seja tratada, pode levar à insuficiência
respiratória e até a morte”, pontuou a infectologista. O tratamento da
tuberculose é ambulatorial. Os casos de internamentos são somente para
quem abandona o tratamento ou procura atendimento tardio.
A tuberculose é transmitida por via aérea quase que na totalidade dos
casos. “A infecção ocorre a partir da inalação de gotículas contendo
bacilos expelidos pela tosse, fala ou espirro do doente com tuberculose
ativa de vias respiratórias”, afirmou Adriana Cavalcanti.
Dia Mundial de Combate à Tuberculose – A data foi
criada em 1982 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em homenagem aos
100 anos do anúncio do descobrimento do bacilo causador da tuberculose,
ocorrida em 24 de março de 1882, pelo médico Robert Koch. Em todo o
Brasil, é uma data estratégica de mobilização e conscientização que
reúne autoridades, ativistas, organizações não-governamentais e a
sociedade civil para uma maior atenção com relação à doença. É uma
ocasião que movimenta a esfera nacional, estadual e local na luta contra
a enfermidade.
Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), um terço
da população mundial está infectada pelo Mycobacterium tuberculosis e
em risco de desenvolver a doença. Há cerca de 8,8 milhões de doentes e
1,1 milhões de mortes por ano no mundo.
O Brasil ocupa o 17º lugar entre os 22 países responsáveis por 82% do
total de casos de tuberculose no mundo. Embora seja uma doença passível
de ser prevenida, tratada e mesmo curada, ainda mata cerca de 4,7 mil
pessoas todos os anos no Brasil.
Na Paraíba, este ano, já foram identificados 131 casos novos de
tuberculose. Em 2014, foram 1.052 casos novos e, destes, 638 são
bacilíferos, ou seja, aqueles que transmitem a doença. Ainda no mesmo
ano, 36 pacientes com a doença foram a óbito (dados parciais). Em 2013
foram diagnosticados 1.143 casos de tuberculose de todas as formas
(pulmonar e extrapulmonar), destes foram a óbito por tuberculose 44
pessoas. Já em 2012, foram diagnosticados 1.124 casos e 39 óbitos.