Os representantes das polícias na Paraíba discutiram a questão salarial que está defasada segundo os sindicatos.
A
crise financeira na segurança pública da Paraíba está levando policiais
civis, militares, bombeiros e até federais a tratamentos psiquiátricos
e, em alguns casos, chegando ao extremo de cometer o suicídio. A
revelação foi feita por representantes das três polícias, durante
audiência pública realizada nessa sexta-feira, 13, no plenário da
Assembleia Legislativa da Paraíba, proposta pelo deputado Janduhy
Carneiro (PTN), para discutir Proposta de Emenda à Constituição nº
339-a, de 2009, que assegura o direito ao adicional noturno aos
policiais militares, bombeiros militares e aos integrantes dos órgãos de
segurança pública.
O debate sobre o
adicional noturno na Assembleia foi apenas um mote para expor a crise em
que vivem todas as polícias. A demora nas promoções dos policiais, a
falta de pagamento de gratificações, o assédio moral e o descaso do
governo para com os que fazem a segurança pública foram os temas mais
comentados durante a audiência pública.
O
deputado Janduhy Carneiro, autor da propositura, abriu o debate público
denunciando o descaso do governador Ricardo Coutinho para com a
segurança pública da população paraibana, ao lembrar que mais de 30
delegacias foram fechadas, deixando todos inseguros, uma vez que a
escalada da violência é crescente na Paraíba.
"O
número de policias na Paraíba só diminui e muitos profissionais estão
abandonando a carreira. Faltam melhores condições de trabalho nas
divisas do Estado para combater o crime. Falta uma reestruturação das
polícias, aumento no efetivo policial, valorização profissional de
agentes, escrivães e papiloscopistas da Polícia Federal, efetivação de
Planos de Cargos e Carreira, enfim muitas reivindicações precisam ser
atendidas para melhorar a segurança pública", lembrou o deputado Janduhy
Carneiro.
O
deputado federal Major Fábio disse que é muito fácil chegar ao cargo de
comandante da Polícia Militar na Paraíba, "Basta carregar a mala de um
político. A segurança pública na Paraíba se trata com politicagem. O
governo desrespeita a lei. O comandante que aí está não se preocupa com
os policiais, ele se preocupa apenas em querer reeleger o seu
governador", disparou o deputado que representa a segurança pública no
Congresso Nacional.
O Deputado Manoel
Junior (PMDB), relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC nº
339/2009), que assegura o direito ao adicional noturno aos policiais e
aos integrantes dos órgãos de segurança pública, disse que faz parte da
base de sustentação do Governo Federal, mas não é parlamentar lagartixa
que só balança a cabeça.
Ele também
falou sobre a mudança de comportamento do atual governador Ricardo
Coutinho (PSB) que quando era vereador e deputado defendia os interesses
dos servidores, mas que depois que chegou ao poder está fazendo o
inverso do que pregava. "Ricardo Vieira Coutinho é uma farsa, um engodo.
Ele mente compulsoriamente. Nesse governo até superfaturamento de papel
higiênico existe. Esse governo é imoral. Ele renega todas as
categorias. Ele rasga a legislação estadual que garante os direitos do
servidor público. Eu espero que o povo que foi às ruas na hora de votar
repare o erro que cometeu ao eleger esse governador", disparou o
deputado.
Perseguição - "Nós
estamos sofrendo assédio moral por estarmos denunciando que o governo
não está cumprindo a lei", declarou o sargento da Polícia Militar
Robson Xavier . Ele disse que não seria necessário ter que apelar aos
deputados para que se façam audiências públicas e ter que ir às
emissoras de rádio e televisão clamando para que as promoções dos
policiais militares sejam realizadas pelo governo".
"A promoção é lei e tem que ser
efetivada anualmente. O governo sabe que essas promoções são
obrigatórias, mas protela para o ano seguinte, fazendo com que o
policial perca um ano de aumento salarial. O governo diz que não tem
dinheiro, mas existe dotação orçamentária para isso", lembrou o militar.
Suicídio -
O presidente do Sindicato dos Policiais Federais da Paraíba, Silvio
Reis Santiago, disse que a Polícia Federal que aparece na mídia é
diferente da realidade que eles vivem. Ele denunciou que foram abertos
processos disciplinares contra policiais que participaram da última
greve da categoria.
Mas a revelação que mais chocou a todos
foi a de que de janeiro de 2012 a janeiro de 2013 mais de 30 policiais
federais se suicidaram. "Muitos estão com problemas de depressão e em
tratamento psiquiátrico. Essa polícia midiática não existe. No último
concurso público foram efetivados apenas 500 policiais, e desses, mais
de 300 já deixaram de trabalhar", revelou.
O cabo Portugal endossou as palavras do
representante da PF, lembrando que PMs e bombeiros também estão passando
por tratamentos médicos por causa da situação salarial deles. Ele disse
ainda que se os policiais federais estão em crise financeira, imagine a
situação dos militares paraibanos. "Existem policiais que estão em
tratamento contra o álcool e contra as drogas por causa de problemas
salariais. Os policiais estão em crise financeira e a segurança pública
da Paraíba está um caos", disse.
Participaram da sessão os representantes das Polícias Federal, Militar, Civil, Bombeiros e Rodoviária Federal.
Da redação/PBVale
Com assessoria