O Vaticano, que ainda luta contra os efeitos de um escândalo mundial
de pedofilia na Igreja Católica, descobriu dois casos de posse de
pornografia infantil entre seus muros em 2014, disse seu promotor
público neste sábado (31).
Gian Piero Milano, cujo título oficial é Promotor de Justiça, relatou
os casos num relatório de 50 páginas lido para autoridades do Vaticano
na cerimônia que abre o ano jurídico.
A Igreja Católica tem sido atingida por escândalos de abuso sexual de
crianças por padres nos últimos 15 anos. O papa Francisco prometeu
tolerância zero para os infratores, mas as vítimas de abuso querem que
ele faça mais e que os bispos que supostamente encobriram abusos paguem
por isso.
Em seu relatório, Milano disse que a polícia do Vaticano investigou
“dois casos delicados, de diferentes graus de gravidade, de posse de
material de pornografia infantil” por pessoas que vivem ou trabalham
dentro do Vaticano, a sede da igreja de 1,2 bilhão de membros.
O promotor não deu detalhes, mas um porta-voz do Vaticano disse que
um dos casos envolvia o ex-arcebispo, Jozef Wesolowski, que foi preso em
setembro, acusado de pagar para fazer sexo com crianças enquanto era
embaixador papal na República Dominicana.
Francisco aprovou a prisão “a primeira dentro do Vaticano ligada a
alegações de abuso sexual, a fim de enviar um sinal de que mesmo altos
funcionários da igreja serão responsabilizados se cometerem abusos”,
disse o Vaticano na ocasião.
A imprensa italiana noticiou na época que pornografia infantil foi
encontrada no seu computador. Atualmente ele está preso no Vaticano, à
espera de julgamento.
O porta-voz do Vaticano não deu detalhes sobre o outro caso.
O promotor também citou investigações de 2014 sobre desfalques
envolvendo antigos administradores do banco do Vaticano, conhecido como
Instituto para Obras de Religião.
Milano ainda mencionou no relatório o caso de um monsenhor polonês,
condenado por desvio de fundos de uma basílica de Roma, onde trabalhou
como contador. Houve três tentativas de entregar drogas ilegais no
Vaticano vindas de países estrangeiros, pelo correio, em 2014, disse
ele, sem dar detalhes.
Uol