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Diante da piora da crise política e do risco real de abertura de um processo de impeachment, ministros e petistas pressionam a presidente Dilma Rousseff a fazer uma nova reforma na sua equipe, começando por colocar o ex-presidente Lula num cargo chave do governo.

Segundo apurado, além do convite a seu antecessor, Dilma foi aconselhada também a fazer mudanças na política econômica e no comando da Justiça.

A avaliação é que a presidente precisa dar uma "chacoalhada" em seu governo para transmitir a mensagem de que está disposta a corrigir falhas e conseguir, assim, novo fôlego no mercado financeiro e no Congresso.

A mexida mais ampla, uma espécie de "começar de novo" nas palavras de petistas, é defendida também por Lula. Ele relatou a amigos que a presidente está "muito abatida" e "sem forças" para reagir à crise. Segundo ele, caso este cenário não mude, a presidente de fato correrá risco de perder o cargo.

Dilma decidiu convidar Lula para ocupar um ministério para que ele tenha foro privilegiado e não fique nas mãos do juiz Sergio Moro, da Operação Lava Jato.

O convite foi feito durante jantar nesta terça (8) no Palácio da Alvorada. O ex-presidente, a princípio, diz resistir à ideia por avaliar que passaria a imagem de estar fugindo da Justiça, mas ainda não deu sua palavra final.

Caso mude de posição e aceite o convite, interlocutores do ex-presidente afirmam que ele não poderia vir para um ministério lateral, mas para comandar uma pasta central, com participação direta nos rumos do governo.

Aceitando ser ministro de Dilma, amigos de Lula dizem que ele poderia convencer nomes como de Henrique Meirelles e Nelson Jobim para assumirem os ministérios da Fazenda e da Justiça.

Esta mudança mais ampla não é, porém, do agrado da presidente, porque passaria a mensagem de que Lula fez uma intervenção no governo e ela se transformou numa rainha da Inglaterra.

No desenho de Dilma, o ex-presidente poderia ocupar o Ministério das Comunicações ou o das Relações Exteriores. Petistas defendem que ele seja indicado para a Secretaria de Governo, hoje sob comando de Ricardo Berzoini.

O problema é que, segundo relatou Lula a interlocutores, Dilma está muito "abatida" e "demonstrando estar sem forças" para reagir

No jantar de terça, Lula inicialmente recusou o convite porque ele poderia ser interpretado como uma "confissão de culpa".

Segundo relatos, ele avaliou ainda que, mesmo que tivesse foro privilegiado, sua família poderia ser alvo de operações da Polícia Federal.

Segundo interlocutores do petista, no entanto, ele deixou uma porta aberta para aceitar um convite, mas daria uma resposta apenas na próxima semana.

Nesta quarta-feira (9), o ministro Ricardo Berzoini, que participou do jantar com Dilma e Lula, vocalizou o desejo de ter o ex-presidente na equipe ministerial. "Qual time não gostaria de colocar o Pelé em campo?", afirmou ele, acrescentando que aceitar ou não o convite é uma decisão que depende apenas de Lula.

A eventual vinda de Jobim, porém, é vista com receios pelo fato de ele ser um dos principais consultores das defesas de empreiteiras acusadas na Operação Lava Jato.

Uma nomeação sua para comandar a Polícia Federal poderia ser interpretada simbolicamente como uma tentativa de controle sobre a entidade responsável pela logística das ações da Lava Jato.

RENAN

Além do jantar com Dilma, Lula participou nesta quarta de um café da manhã na residência do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que lhe entregou publicamente uma edição da Constituição Federal para sinalizar que, em sua opinião, as investigações da Lava Jato estão extrapolando regras.

O gesto simbólico foi feito ao final de uma reunião de mais de três horas entre Lula, Renan e cerca de outros 30 senadores.

Questionado sobre o motivo de ter dado a Carta Magna ao ex-presidente, Renan afirmou que "as investigações precisam avançar mas no devido processo legal", em uma referência velada às ações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal contra os envolvidos no esquema de corrupção da Petrobras. Renan e Lula são investigados pela operação.

Segundo relatos, o ex-presidente também reclamou da atuação do Ministério Público na Operação Lava Jato e se disse "perseguido" pelo órgão. Lula voltou a dizer que não precisava ter sido levado de forma coercitiva para depor na última sexta (4).

Durante o café, o ex-presidente passou boa parte do tempo tecendo explicações sobre o uso do sítio em Atibaia (SP) e o seu apartamento triplex no Guarujá, litoral de São Paulo.

Jean Ganso/Tambaú 247
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