A cúpula da ONU (Organização das Nações Unidas) ligou o sinal amarelo
para a crise política brasileira. Em entrevista exclusiva ao jornal O
Estado de S.Paulo, o secretário-geral da entidade, Ban Ki-moon, disse
que a instabilidade política brasileira pode provocar um impacto
internacional e apelou para que os líderes políticos brasileiros busquem
“soluções harmoniosas e tranquilas” para a crise.
— Por enquanto, esse é um problema político doméstico. Mas o Brasil é
um País muito importante e qualquer instabilidade política no Brasil é
uma preocupação social para todos nós.
Em seguida, Ban Ki-moon faz um apelo aos líderes políticos
brasileiros — o primeiro direcionado ao Brasil desde que assumiu o
comando da ONU, há quase dez anos, e atitude muito rara da entidade.
— Peço que os líderes adotem soluções harmoniosas e tranquilas. Sei
que é um desafio que o País vive. Mas acho que vão conseguir superar.
O estado de alerta da entidade tem um motivo principal: a
possibilidade de a instabilidade política brasileira se alastrar para
outras democracias recentes — e mais frágeis — da América Latina.
Uma semana atrás, a ONU rompeu o silêncio e fez um alerta para a
crise política brasileira. A entidade, em um apelo tanto para os membros
do Governo federal como para os integrantes de outros partidos
políticos, disse esperar que os políticos brasileiros “cooperem
totalmente” com o Judiciário nos supostos escândalos de corrupção —
chamada de “corrupção de alto nível” pela entidade.
A ONU pediu ainda que os políticos brasileiros evitem “quaisquer
ações que possam ser vistas como um meio de obstruir a Justiça”. Ao
mesmo tempo, reivindicou ao Judiciário uma atuação “dentro das regras do
direito doméstico e internacional, evitando adotar posições
político-partidárias”.
A cúpula da ONU cobra todos os agentes políticos brasileiros ao
destacar os “debates cada vez mais politizados e acalorados” dos últimos
meses no Brasil. A entidade ressalta um risco de “um sério dano de
longo prazo para o Estado e para as conquistas democráticas feitas nos
últimos 20 anos nos quais o Brasil tem sido governado sob uma
Constituição que dá fortes garantias de direitos humanos”.