Há mais de duas semanas o Sistema Nacional de Emprego em Campina Grande oferece em torno de duas mil vagas de trabalho. E não consegue preenchê-las.
O nível de escolaridade exigido não é muito alto, embora os anúncios especifiquem qualificações em determinadas atividades.
Aparentemente, estas especificações expurgam as candidaturas dos paraibanos.
O que comprova, de forma muito pragmática, um fenômeno evidente na mão de obra da Paraíba: a falta de qualificação.
Como empregador já há algumas décadas conheço de perto os percalços desse metiê.
Se eles não estavam tão evidentes – pelo menos para a maioria da população – certamente era porque o déficit de vagas sempre chamou mais atenção.
Com o crescimento da oferta de emprego – que demandará a abertura de 1,8 milhão de vagas este ano, segundo cálculos do Ministério do Trabalho - a ferida ficou exposta.
A falta de qualificação é encarada atualmente como um dos grandes gargalos que emperram o desenvolvimento em todo o País – e que a nação terá que enfrentar se quiser continuar crescendo.
Vários setores da economia brasileira, entre eles a indústria, o comércio e a construção civil reclamam da falta de profissionais qualificados.
Na Paraíba – mesmo com parque industrial incipiente e pauta econômica restrita - o problema consegue parecer ainda mais agudo.
Um quadro que se cristaliza no momento em que convocações em massa para empregos de nível mediano não conseguem ser atendidas por falta de qualificação para preencher os cargos oferecidos.
Se a gente não tem capacidade para passar no critério elementar, como vamos encarar o alto nível de exigências da pauta econômica moderna?
Esta pode vir a ser a pedra irremovível do caminho do desenvolvimento paraibano. Pois mesmo que reivindicações seculares sejam atendidas, nossos trabalhadores estarão do outro lado da calçada, apenas contemplando o progresso passar.
Roberto Cavalcanti