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Para ser Universidade, digna desse nome, não basta ensinar. Universidade que se preza tem que pesquisar, publicar e aplicar o resultado de suas pesquisas. Universidade que é Universidade não se limita à sala de aula nem ao laboratório. Feito o artista do verso de Brandt, a Universidade tem que ir aonde o povo está.

E, para ir aonde o povo está, a Universidade tem que levar na mala bastante disposição para realizar o que a Academia chama de extensão universitária. Resumindo, além de ensinar, Universidade que é Universidade também faz pesquisa e extensão. Mas pode fazer mais, bem mais.

Universidade pode e deve também prestar serviço, serviço ao povo que lhe fornece a matéria prima razão de ser de sua existência, que são seus alunos. Que, por seu turno, podem e devem cobrar da Universidade ensino, pesquisa, extensão e serviços da melhor qualidade, porque somente assim ela forma força de trabalho qualificada.

Formando mão de obra de excelência, a Universidade dá sua melhor contribuição à cidade, ao Estado, ao país. Porque dá régua, compasso, mouse ou bisturi para seus egressos fazerem o seu melhor por quem mais precisa. É assim, enfim, que se faz uma Universidade de vergonha.

Vejo e entendo Universidade desse modo porque tive a graça e a honra de trabalhar em uma Universidade pública do tamanho e da importância da UFPB. Por ter servido a vida toda na UFPB, posso dizer, com perdão antecipado da ousadia, que sou colega de Ricardo Vieira Coutinho, técnico de laboratório ou coisa parecida do Hospital Universitário Lauro Wanderley do Campus de João Pessoa.

Eis por que, entre outros motivos, esperava sinceramente que sobre Universidade, por conta de seu passado guerreiro, inclusive no movimento estudantil universitário, o hoje governador tivesse visão e conceito similares aos meus e de muita gente boa.

Esperava, pelo menos, que ele mostrasse ter em boa conta a Universidade Estadual da Paraíba. Mas, pelo visto, não conhece, não reconhece nem sabe o que é a UEPB. Ou finge não saber, o que é pior.

Diante da falta de clareza sobre o que realmente pensa o governador sobre Universidade, dou-lhe o benefício da dúvida, mas dúvida que impõe um dilema cruel: se não sabe é porque é despreparado; se sabe e finge que não sabe, é porque usa de má fé quando se refere àquela Universidade, principalmente à reitora Marlene Alves e equipe.

Nessas condições, de nada adianta ter uma Universidade pública como a UEPB e depender de um governo que não tem vergonha de negar ou reter os recursos que por lei pertencem à instituição. De nada adianta se essa Universidade é tratada com desprezo e até ódio, sem nenhuma vergonha, por um governador que nos envergonha.
FALTA DE RESPEITO

Constatei com alguma surpresa, mais uma com gosto de decepção, que o ex-aguerrido defensor das boas causas não incorporou ao governador que hoje é o respeito a um patrimônio público tão relevante quanto a UEPB. Digo isso porque foi no mínimo falta de respeito o que ele disse sobre gastos com pessoal, diárias e viagens de servidores docentes ou técnicos da nossa Universidade Estadual.

Da forma como ele falou, levou à opinião pública que professores da UEPB seriam protagonistas de farras com diárias e viagens. Com esse tipo de comentário ou palpite infeliz, Sua Majestade passou atestado de desconhecimento sobre como funciona uma Universidade. Ou, repito, usou de má fé para queimar o filme da reitora Marlene Alves, contra quem alimenta conflito estúpido, improdutivo e antiparaibano, sobretudo.

Lamentável, Majestade, ver o servidor número um do Estado verbalizar acusações tão injustas quanto descabidas contra seus colegas. Daí, chamo sua atenção para um detalhe que talvez lhe tenha escapado: se mirou na reitora, acertou todos os professores e funcionários da Universidade que se deslocam a serviço.

Tanto quanto o governador, eles também devem receber diária para pagar hospedagem e alimentação. É assim que funciona. Funciona porque é legal. Funciona porque é necessário. A diferença é que a diária deles é baratinha se comparada à do governante, que quase sempre viaja acompanhado ou escoltado, de avião ou carro novo e possante. Vez em quando, a companhia de viagem é um batalhão que serve de claque em solenidades muitas vezes dispensáveis, realizadas apenas para fazer fita e política.


Represália no Diário Oficial?

Vou encerrar agradecendo pelo fato de alguém de bom senso no Ricardus I ter liberado a publicação das portarias de nomeação de professores concursados da UEPB que, pelo visto, estavam guardadas em alguma gaveta ou computador da veneranda A União. Seria o fim do mundo, o cúmulo da mesquinharia, retaliar a reitora privando concursados de tomar posse por falta de publicação de seus atos de nomeação. Sem contar que semelhante insanidade prejudica centenas de alunos sem aulas e professores.

Ainda bem que o pessoal da União soltou nota, ontem, garantindo e esclarecendo que não havia vetos à publicação, apesar de a UEPB estar devendo uma fortuna por serviços anteriores ainda não pagos. Ramalho Leite, superintendente de A União, até pediu à reitora que mande as portarias que elas serão publicadas. No ato, como se diz. Sendo assim, nem precisa esperar. Pode começar a publicar hoje mesmo pelo menos 120 portarias que aguardam há um bom tempo na fila do Diário Oficial do Estado, segundo a reitora Marlene.


Por Jean Ganso,Com Rubens Nóbrega
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