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“A malhação não tem nada a ver com a vida da Igreja”, explica o bispo Aparecido Pereira.

Até a Sexta-Feira da Paixão e o domingo de Páscoa, muitos outros rituais e missas são celebrados pela Igreja Católica. Segundo o padre José Antônio Aparecido Pereira, 68, vigário episcopal da Arquidiocese de São Paulo, em entrevista ao G1, antes das datas mais lembradas da Semana Santa acontecem mais de cinco missas. “A semana inteira é de reflexão e oração.”

Entenda o que acontece em cada dia da semana de Páscoa e o significado das missas:
Domingo de Ramos (1º de Abril)

A entrada de Jesus na cidade de Jerusalém é representada neste dia. “Na época, como explica a Bíblia,  ele monta em um jumento e é recebido por centenas de pessoas com ramos de oliveira e palmeiras nas mãos.” O domingo começa com uma procissão de fiéis cantando hinos e carregando ramos. Ao chegar à igreja, uma missa é celebrada com leitura de trechos bíblicos sobre o sacrifício de Jesus Cristo.

Segunda, terça e quarta-feira santas (2, 3 e 4 de Abril):

Nas missas celebradas nos três dias, os fiéis pedem a Deus bons frutos na vida pessoal e religiosa e são lidos trechos bíblicos sobre a salvação.

Quinta-feira Santa (5 de Abril)

Pela manhã,  o bispo se reúne com os padres na chamada Missa da Crisma – em São Paulo, esta missa acontece na Catedral da Sé (centro). Nela, ele irá abençoar ou consagrar os três óleos santos. O óleo consagrado é o do sacramento da Crisma, na qual o fiel confirma publicamente a sua fé cristã e sua ligação com a Igreja Católica. Neste rito, o padre impõe as mãos sobre o fiel, invocado o Espírito Santo, e o unge com óleo. Os outros dois óleos, o do batismo e o dos enfermos, são abençoados.

À noite, a Igreja celebra a ceia do Senhor em alusão à última ceia entre Jesus Cristo e os 12 discípulos, antes da crucificação. Nela, Jesus irá instituir o sacramento de seu corpo e de seu sangue, chamado pela Igreja Católica de Eucaristia. Nesta celebração, não se toma vinho nem come-se pedaço de pão. Em algumas paróquias, explicou o padre, um pedaço de pão caseiro abençoado é dado de lembrança aos fiéis.

Depois, acontece a missa do lava pés, na qual 12 pessoas são escolhidas aleatoriamente para que o padre lave seus pés, em referência ao momento em que Jesus ensina a humildade aos discípulos lavando os pés deles.

Sexta-feira da Paixão (6 de Abril)

“Jejum e abstinência de carne são os princípios deste dia.” Exatamente às 15h, considerada a hora nona pela Bíblia, os fiéis se reúnem para celebrar a paixão e a morte de Cristo. O rito tem quatro momentos, o momento da paixão anunciada, envocada, venerada e comungada.

Na paixão anunciada, são lidas passagens bíblicas do Antigo e do Novo Testamento que falam sobre o sacrifício de Cristo. Na paixão envocada, longas séries de preces são feitas pelas necessidades do mundo e da Igreja. Depois, os fiéis formam uma fila e vão um a um beijar a imagem de Cristo crucificado – é o momento da paixão venerada. Na quarta e última parte, os fiéis recebem a hóstia.

Algumas igrejas e paróquias, segunda o padre da Arquidiocese de São Paulo, fazem uma procissão do enterro de Cristo. “Esta tradição pretende lembrar do momento em que os discípulos retiram o corpo de Jesus Cristo da cruz e o sepultam.”

Sábado Santo (7 de abril)

Durante o dia, não há missa. “É momento de silêncio e oração.” Só no período da noite é que acontece a vigília pascal. “Uma longa celebração, na qual o padre abençoa o fogo que acenderá uma grande vela, chamada de Círio Pascal”. Ela, que representa Jesus ressurreto, é toda decorada com símbolos religiosos, como o da primeira e da última letra do alfabeto grego – Alfa e Ômega. Elas, explica o bispo, indicam que Jesus é o início e o fim de tudo, como ensina a Bíblia. Cinco cravos representando os cincos ferimentos na cruz – dois nas mãos, dois nos pés e um na lateral do corpo – e o ano de 2012 também são inscritos na vela.

Logo em seguida, o padre abençoa a vela com orações e entra na igreja, que está toda apagada. Neste momento, cada pessoa acende a sua vela a partir da que passa pelo corredor principal nas mãos do padre. Quando a igreja já está toda iluminada com as velas dos fiéis, o padre chega ao altar e canta o hino “Precônio Pascal” para celebrar a vigília e se preparar para a Páscoa – a ressurreição.

Após uma leitura da Bíblia, acontece a liturgia batismal. “A água do batismo é abençoada e, em algumas comunidades, adultos e crianças são batizados.” A missa termina com os fiéis cantando hinos sobre a ressurreição.

Domingo de Páscoa (8 de Abril)

Para encerrar o período da quaresma, os 40 dias estipulados pela Igreja Católica para que o fiel se prepare para o ápice da Semana Santa, a ressureição, missas são celebradas com hinos e trechos bíblicos sobre a ressurreição.

Segundo o bispo, em algumas igrejas, existe o costume de fazer procissões simbolizando o encontro de Jesus com os discípulos. “As mulheres levam a imagem de Maria; e os homens, a imagem do Cristo crucificado para lugares diferentes. Quando as duas imagens se encontram, os fiéis aplaudem e cantam hinos de vitória.”

Malhação de Judas

“A malhação não tem nada a ver com a vida da Igreja”, explica o bispo Aparecido Pereira.  A malhação de Judas ou Queima de Judas é uma tradição trazida pelos portugueses e espanhóis na qual um boneco, do tamanho de um homem, forrado de serragem, trapos ou jornal é arrastado pelas ruas e queimado.

Por Jean Ganso,com G1
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