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A 1ª Câmara Criminal do TJ-RS (Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul) concedeu liberdade provisória aos quatro réus presos após o incêndio da Boate Kiss, em Santa Maria, no dia 27 de janeiro deste ano --eles foram presos no dia seguinte ao incêndio. A decisão da Justiça ocorreu na tarde desta quarta-feira (29).
 
Segundo o relator do processo, desembargador Manuel Martinez Lucas, o argumento para pedir a prisão preventiva de dois músicos e dois sócios da boate, em janeiro --a  manutenção da ordem pública--, não tem mais fundamento. Para o magistrado, além de não se verificar na conduta dos réus qualquer "traço excepcional de maldade", também não se pode apontar neles qualquer periculosidade, "pois, pelo que se tem, são pessoas de bem, sem antecedentes criminais".    
O habeas corpus determinou a soltura do músico da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, e foi estendido ao produtor do grupo, Luciano Augusto Bonilha Leão, ao proprietário da Kiss, Elissandro Spohr, o "Kiko", e ao sócio dele, Mauro Hoffmann. Os quatro devem deixar o sistema prisional ainda nesta quarta.
"Não se vislumbra na conduta dos réus elementos de crueldade, de hediondez, de absoluto desprezo pela vida humana que se encontram, infelizmente com frequência, em outros casos de homicídios e de delitos vários, afirmou o desembargador, na decisão.
O presidente da AVTSM (Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria), Adherbal Ferreira, afirmou nesta quarta-feira (29) que a concessão de liberdade aos quatro réus no caso do incêndio na boa Kiss, em Santa Maria (RS), é "decepcionante". Adherbal perdeu a filha Jennefer na tragédia.

Promotor teme por fuga

Em entrevista ao UOL, o promotor que assinou a primeira denúncia contra os quatro acusados, Joel Oliveira Dutra, de Santa Maria, se disse ter recebido a informação "com tristeza e surpresa".
Na avaliação de Dutra, "há duplo risco envolvido na soltura do grupo: "Eles têm consciência daquilo que fizeram e muito possivelmente há um risco grande de desaparecerem do Estado ou do país em um dois dias", disse, para completar: "Além disso, como mataram 242 pessoas, foram 242 famílias atingidas pela ação desses presos. E o risco sempre existe para quem mata uma pessoa", disse.

Por Jean Ganso, Com Fato a Fato
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