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PORQUE SOU A FAVOR DO CASAMENTO HOMOAFETIVO

Senhoras e senhores, sou e sempre defendi o casamento homoafetivo, ou seja, a união entre duas pessoas do mesmo sexo e o faço, declinando os motivos pelos quais louvo a medida que já um tanto quanto tarde, autoriza os cartórios brasileiros efetivarem o processo matrimonial, assim como, recomenda aos juízes de direito da nossa nação, celebrarem, consumarem o ato solene, jurídico e perfeito, como sendo:
 
Aqueles que invocam a Bíblia, desconhecem que ela deve ser lida de forma contextual, histórica, em cada momento dos acontecimentos da narrativa e segundo os costumes do povo daquela época. Ignoram também que Deus nunca escreveu a Bíblia, ela começou a ser escrita no Reinado de Salomão, o qual, de forma tardia mas inteligente, sentiu a necessidade de escrever a história do seu povo, uma vez que Israel era o País mais atrasado da região e não tinha uma história escrita, e determinou que esta fosse efetivada, relatando e anotando todos os pormenores  do seu povo, a exemplo dos ditados (livro dos provérbios), os hinos cantados nas festas da páscoa (salmos), a corte do homem à mulher amada (cântico dos cânticos) os recenseamentos (números), a nova lei (deuteronômios), o retorno dos israelitas exilados no Egito (êxodo), de forma, que naqueles tempos, é óbvio que um povo agudamente machista, e não todo o povo, apenas em os levitas, entendesse que o homossexual fosse uma pessoa menor, contudo, Deus nunca fez isto, ele ama a todos, já que não é vingativo, discriminador e muito menos preconceituoso;

Aos que defendem a Constituição Federal e as leis ordinárias (Código Civil), justifico que as leis são construções da sociedade e elas na maioria das vezes veem de forma refratária, já que a dialética, a dinâmica de uma sociedade sempre em mudanças, requer que algo já consolidado, aceito, tido como existente e imodificável numa sociedade, seja consolidado por uma norma gerada em processo legislativo próprio e mais, os princípios gerais do direito, valem mais do que leis e atentais para os princípios social, humanitário, da igualdade, da proporcionalidade, da equidade, da razoabilidade que regem o nosso ordenamento jurídico, de forma que quem se amarra em leis que urgem mudanças em detrimento dos avanços do povo, dos grupos, da comuna e da Urbe et Orbe (cidade e mundo), ficou perdido em algum lugar remoto do tempo e com seus prejulgamentos disformes, rançosos e arcaicos, não podem impedir que o outro seja feliz, independentemente do culto que professe ou da opção sexual adotada ou será que vocês não entenderam ainda, que “os lírios não nascem das leis”;

O instituto do casamento de papel passado, é resultado de um estado de dominação e de sujeição, onde a superestrutura (realeza, sacerdotes e funcionários públicos) da pólis (cidade pequena cercada de muros altos), precisava sugar da infraestrutura (o povo, que vivia fora da pólis), meios econômicos para atender as orgias e comilanças palacianas, chegando ao clímax que até para casar o súdito necessitava de autorização e teria que pagar, senão como os clérigos defensores dos senhores feudais opressores e proprietários da gente, iriam se esbaldar na comilança e nas boas moradias? Senão com a cobrança dos “sacramentos sagrados”, dentre eles o casamento?
Você amigo, já pensou o absurdo de se comprar um papel dizendo que ali é o atestado do seu casamento? Você já refletiu que os cartórios em todas as cidades deste Brasil  caíram nas mãos dos filhos da nobreza, dos descendentes dos que habitavam a pólis? Poxa (queria dizer algo mais pesado), imagine: Você amar alguém e ter que pagar para que tal amor seja legitimado? E você, em nome da sua ignorância, enriquece pessoas que descendestes do feudo e do latifúndio desalmado vende papel? E aí puritano míope, vaidoso, perverso para com o outro, de verdade, já pensou nisto?

E ainda, defendo a adoção plena por parte desses casais, com concessão de licença maternidade e paternidade, para que possam dispensar o melhor aos novos membros da família, e aos que perguntam quem é a mãe e o pai, respondo: na construção de um ser humano o que vale é o amor, a doação, o devotamento ao outro, pois até o instinto de mãe é discutível, já que se tal instinto existisse, nunca uma mãe abandonaria um filho no lixo, o mataria no momento do parto e o colocaria para traficar, roubar e matar.

Ora senhores, se você acredita em algo superior a você, que essa entidade superior leve o nome de Deus ou outra denominação, faça o que ela manda: aceite, acolha o outro como o outro é. Respeite as diferenças, a diversidade é algo  divino, imagine se todos fôssemos iguais, a beleza da vida e do mundo reside justamente aí, na dissemelhança. Veja em cada um, um ser humano e o valorize pelo seu caráter, pelo que produz em prol do outro e da humanidade e se você é um cristão como eu, siga a frase de Jesus: “Estranhar as diferenças, é abrir-se para os preconceitos”.


Marinho Mendes – promotor de justiça
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