Uma pausa no combate à criminalidade para investir no confronto direto com os eleitores. A disputa eleitoral por uma vaga no parlamento mirim dos municípios, na Paraíba, levou policiais civis e militares a pedir licença para se lançar como candidatos. Caso sejam eleitos, a segurança do Estado deverá ter o contingente reduzido em 117 policiais.
Ao todo são 90 policiais militares na disputa ao cargo de vereador, além de quatro bombeiros militares que também se afastaram da corporação para enfrentar a eleição. Na Polícia Civil são 23 candidatos a vereador, onde Cabedelo lidera a lista, com dois postulantes à vaga de vereador.
Para disputar as eleições, os oficiais, suboficiais, cabos e soldados estão licenciados desde o dia 5 de julho, data estabelecida pela legislação para iniciar a campanha eleitoral.
Eles deverão retornar às funções somente depois de 7 de outubro. Nesses três meses, os servidores com mais de 10 anos de carreira continuam a receber os salários normalmente.
O cientista político Fábio Machado credita ao êxito de muitos policiais na carreira política o aumento maior no interesse por uma vaga, seja na majoritária ou na proporcional. “O êxito de figuras como o sargento e ex-deputado estadual Denis, do major Fábio, acaba incentivando outros dentro da categoria. Além disso, ainda tem a satisfação pessoal ou ainda para servir como instrumento de favorecimento da categoria”, explica.
Machado ressalta que o trabalho de formação dos policiais inclui diversos cursos sobre direitos humanos, o que aumenta a percepção dos profissionais sobre democracia e política. “Este trabalho faz com que os policiais percebam que política é importante, acabam desenvolvendo densidade política”, finaliza.
O subcomandante da Polícia Militar da Paraíba, o coronel Francisco de Assis Castro, diz que o afastamento dos militares para disputar eleições é um direito constitucional, e que o número de 'baixas' não afetará a segurança pública no Estado. “A Polícia Militar tem quase 10 mil homens na ativa, então estes pouco mais de 100 policiais não afetam o trabalho, mesmo porque as perdas não são no mesmo batalhão, mas pulverizadas pelo Estado”, diz Castro.
Para ele, o grande interesse por parte dos policiais em seguir na vida pública deve-se, em parte, aos contatos feitos durante os anos na ativa. “Muitos estão perto de se aposentar e acham interessante buscar este caminho. Eles têm vantagem por já ter feito muitas amizades, têm muitos conhecidos”, aponta o coronel.
Por Jean Ganso,com JP