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Cerca de 70% de todos os médicos da Paraíba estão concentrados nas duas principais cidades do estado. O dado é do Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB), que revela que o estado possui 6.300 médicos em atuação, sendo que 52% destes estão em João Pessoa e 12% estão em Campina Grande. Os outros 30% estão distribuídos entre os 221 municípios paraibanos restantes.

O problema é reconhecido por Waldson Souza, secretário de Saúde do Estado durante a primeira gestão de Ricardo Coutinho, que a partir desta segunda-feira (5) assume a a Secretaria de Desenvolvimento e Articulação Municipal e vai ser substituído na Saúde pela médica Robert Abath. Para ele, há problemas em diversas especialidades, a exemplo da neurocirurgia, cirurgia vascular, cirurgia cardíaca e anestesiologistas.

Para resolver o gargalo, Waldson afirmou que o estado tem o objetivo de garantir as estruturas necessárias, de condição de trabalho para o médico em outras regiões, para assim diminuir o fluxo de transferências de pacientes para os grandes centros. “É essencial a interiorização. Tudo o que for possível fazer pelo interior do estado será importante, desde que tenha sustentabilidade e financiamento”, explicou ele.

Por sua vez, a médica Roberta Abath afirmou que vai buscar soluções para os problemas do setor de saúde no estado. “Já estou junto com o ex-secretário e o próprio governador tecendo o diagnóstico da situação em que se encontra esse déficit para que possamos traçar soluções”, disse em entrevista ao Jornal da Paraíba após a solenidade de posse dos secretários nesta segunda-feira (5).

Para João Medeiros, presidente do Conselho Regional de Medicina na Paraíba (CRM-PB), os problemas envolvem também os invetsimentos na área. Segundo ele, o investimento do estado no Sistema Único de Saúde (SUS) por habitante é precário. Ele ressaltou que há um levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), onde a Paraíba é considerado o quarto estado de todo o país que menos gasta com pacientes do SUS, no valor de R$ 0,68 por habitante. “O gestor da saúde ainda considerou que este dado não é verídico, pois na verdade são gastos R$ 0,74 centavos, o que não muda quase nada. No país a média de R$ 3. Realmente é algo lamentável”, disse João Medeiros.

O CRM-PB sugeriu ainda que é preciso uma mudança urgente em todos os níveis do setor. “É preciso uma transformação na baixa, média e alta complexidade”, disse João Medeiros. Ele também prosseguiu elencando os pontos fracos de uma lista que precisam ser vencidos na saúde da Paraíba. “Há ainda muitas retenções de macas, superlotações e dificuldades nas unidades básicas de saúde, sem falar na ausência de entrega de medicamentos excepcionais”, comentou ele.

Segundo Waldson Souza, algumas medidas já estão sendo tomadas. De acordo com ele, atualmente, 13% da receita da Paraíba é investida na saúde, ou seja, mais do que o exigido pela legislação, que é de 12%, e por mês são investidos  50 milhões de reais para os custos do setor.

Em busca de evitar as superlotações, Waldson explicou que o governo estadual está em focado em desenvolver soluções eficientes. Ele acredita que regulação de pacientes será uma medida eficaz na diminuição ou no fim do transporte de pacientes, sem o leito assegurado pelos hospitais.

O secretário da primeira gestão de Ricardo Coutinho ainda ressaltou que nos últimos quatro anos algumas medidas já foram tomadas para solucionar a superlotação, como por exemplo a construção de dez novas unidades hospitalares, desafogando assim outros hospitais, mas outros projeto estão sendo discutidos como o Hospital da mulher e o Hospital de Trauma do Sertão.

Ele ainda disse que no primeiro mandato foram construídos dez novas unidades hospitalares e outros reformados e ampliados. “Estamos na expectativa da construção do hospital de Picuí, conclusão do hospital de Cacimba de Dentro, no brejo paraibano, um centro de oncologia está sendo entregue ainda no primeiro semestre de 2015 e a construção do Hospital metropolitano está acelerada”, disse Waldson.


G1 PB
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