Normas vão estimular o parto normal e
reduzir o número de cesarianas desnecessárias entre usuárias de planos
de saúde. As regras serão publicadas hoje, em resolução, pelo Ministério
da Saúde através da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e
deverão ser obrigatórias em 180 dias, a contar da publicação.
Além de estimular o parto normal, as
diretrizes têm como objetivo ampliar o acesso à informação pelas
mulheres que possuem plano de saúde, sendo possível o acesso aos
percentuais de cirurgias cesáreas e de partos normais realizados pela
unidade, médicos e operadoras de saúde. Os planos de saúde terão um
prazo máximo de 15 dias para atender às solicitações das pacientes.
Entre as normas estabelecidas pelo
Ministério da Saúde, está a obrigatoriedade das operadoras de saúde de
fornecerem o cartão da gestante igual ao padrão estabelecido pelo SUS,
onde deverá constar todo o histórico do pré-natal da paciente. Os planos
de saúde terão também que detalhar todos os acontecimentos que surgirem
durante o parto, através do partograma, contendo os mesmos dados
indicados pela Organização Mundial de Saúde.
Será também obrigatório a inclusão de
contatos da Central de Relacionamento da ANS e dos normativos sobre os
direitos ao acompanhante na Carta de Informação à Gestante, promoção de
seminário sobre Boas Práticas na atenção ao parto e nascimento, estímulo
à habilitação de hospitais privados à iniciativa Hospital Amigo da
Criança e da Mulher, desenvolvimento do Plano de Cuidado Nascer Saudável
e outros.
No Brasil, 84% dos partos são cesáreas
na saúde suplementar. Já na rede pública o número é menor, 40% são
cesáreas. A cesariana aumenta em 120 vezes a probabilidade de problemas
respiratórios para o recém-nascido e triplica o risco de morte da mãe.
Os dados são do Ministério da Saúde.
Na Paraíba, segundo a Secretaria de
Estado da Saúde da Paraíba (SES), durante todo o ano de 2014, do total
de 50.376 nascidos vivos por tipo de parto, 29.005 foram cesáreas e
21.262 normais. Já no município de João Pessoa, de acordo com a
Secretaria Municipal de Saúde (SMS), de janeiro a novembro do ano
passado foram realizados no Instituto Cândida Vargas, hospital de
referência da capital, 7.079 partos, sendo deste total 3.831 de partos
normais e 3.248 de cesáreas.
Tomando como referência a maternidade do
Hospital Unimed Alberto Urquiza Wanderley, a maior unidade particular
de saúde do Estado, e conforme a assessoria de comunicação do hospital,
houve uma redução do número de cesarianas feitas nos últimos 2 anos. Em
2013, foram feitas no hospital 1.519 cirurgias cesarianas e 30 partos
normais, enquanto no ano passado, contabilizaram-se 1.425 cesarianas e
49 partos normais. De acordo com a assessoria de comunicação da Unimed,
será construída uma ala destinada à humanização do parto para que o
acesso ao parto normal seja maior entre as pacientes, no entanto o
projeto ainda é interno e não há ainda informações definitivas que
possam ser divulgadas.
MATERNIDADE DEVE OFERECER CONDIÇÕES
Para o primeiro secretário do Conselho Regional de Medicina (CRM) e presidente da Sociedade Paraibana de Ginecologia e Obstetrícia (Sogopa), Roberto Magliano, é preciso que haja uma reforma nas maternidades públicas e privadas para que as unidades possibilitem condições favoráveis para que as pacientes optem pelo parto normal. O médico explica que 98% das mulheres grávidas e que possuem plano de saúde passam pela cesariana, e apenas 2% se submetem ao parto normal. “É preciso que se faça alguma coisa, o momento de decidir o parto deve ser seriamente discutido entre a paciente e o médico, que haja uma conversa de convencimento das vantagens do parto normal”, alertou.
Para o primeiro secretário do Conselho Regional de Medicina (CRM) e presidente da Sociedade Paraibana de Ginecologia e Obstetrícia (Sogopa), Roberto Magliano, é preciso que haja uma reforma nas maternidades públicas e privadas para que as unidades possibilitem condições favoráveis para que as pacientes optem pelo parto normal. O médico explica que 98% das mulheres grávidas e que possuem plano de saúde passam pela cesariana, e apenas 2% se submetem ao parto normal. “É preciso que se faça alguma coisa, o momento de decidir o parto deve ser seriamente discutido entre a paciente e o médico, que haja uma conversa de convencimento das vantagens do parto normal”, alertou.
Sobre a questão de alguns médicos
preferirem e induzirem a paciente ao parto cesárea, tendo em vista o
procedimento ser mais caro que um parto normal, o médico adverte que o
assunto é relativo, tendo em vista que muitas vezes o parto normal
torna-se mais caro do que o normal. “O valor do parto normal às vezes é
maior, pois existe um tempo de acompanhamento maior que a cesariana. No
parto normal, o médico precisa ficar durante todo o processo junto à
equipe”, destacou.
O diretor técnico e especialista em
ginecologia e obstetrícia, o médico Juarez Alves Algusto, esclarece que
existem indicações específicas para a opção pelo parto cesárea. “O
natural é o parto normal, é fisiológico. Existem indicações absolutas e
relativas para pacientes de risco. Às vezes, a paciente é internada com
perspectiva para normal, mas no decorrer do processo é submetida por
necessidade à cesariana”, argumentou.
Juarez Alves relata ainda que no Cândida Vargas existe um trabalho pré-parto que condiciona para o parto normal humanizado.
Obstetra, neonatologista,
fisioterapeuta, enfermeiro e psicólogos, acompanhante e a ‘doula
voluntária’ integram a equipe médica. “Em um parto normal é
imprescindível, além de uma equipe preparada, que haja estrutura para
que as mães se sintam confortáveis durante o parto. Já contamos no
hospital com duchas, cavalinho, bola, barra, artifícios que contribuem
para o parto normal”, concluiu.
Jornal da Paraíba