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 No livro ‘Uma cidade de quatro séculos’, os historiadores Wellington Aguiar e José Octávio de Arruda Mello destacam que “João Pessoa foi criada durante o antigo sistema colonial para exercer funções administrativas e comerciais”. A cidade, segundo os autores, nasceu sem jamais ter sido vila, característica que os historiadores classificam como privilégio.
Até o ano de 1855 a cidade se desenvolveu em um sítio à margem direita do rio Sanhauá. A parte mais baixa era ocupada pelas atividades de comércio e a parte alta abrigava os órgãos administrativos, culturais, religiosos e alguns prédios residenciais de alto padrão. Depois desse ano, houve expansão da cidade em direção ao litoral e ao sul, conforme os historiadores.
No ano de 1634, a cidade já contava com construções importantes, como os conventos de Santo Antônio, Carmo e São Bento, a Igreja de Nossa Senhora das Neves, além das igrejas de São Gonçalo e da Misericórdia. Nessa época, a cidade contava com cerca de mil habitantes na área urbana. No século XVIII, as construções da cidade ainda eram precárias, conforme destacado no livro ‘Uma cidade de quatro séculos’. As casas residências no século XIX eram modestas, apenas alguns sobrados ostentavam a imponência da arquitetura e o status mais elevado de seus moradores.
Quem morou na capital no início do século XX, por volta dos anos 1920, não esquece o saudoso hábito das cadeiras nas calçadas. Familiares e vizinhos se reuniam sempre depois do jantar para conversar, enquanto as crianças brincavam tranquilamente nas ruas, sem medo de atropelamentos (tinham poucos carros) nem da violência, mal que passou a assombrar a população décadas mais tarde. Apenas as brincadeiras das crianças ou o sino da igreja quebravam o silêncio das ruas.
Nessa época, as moças ainda se debruçavam nas janelas das casas quando passavam as procissões religiosas na rua Nova, que depois passou a se chamar General Osório. Vale lembrar que nessa rua moravam pessoas de destaque político e social. O evento mais importante da cidade, no período, era a missa às 10 horas aos domingos, sendo os membros da burguesia os que mais compareciam. Era conhecida como a “missa dos grã-finos”.
Nos anos 1920, a capital terminava na rua Diogo Velho, o que vinha depois desse trecho era considerado como sendo ‘fora da cidade’. A construção do Liceu Paraibano, por exemplo, rendeu muitas críticas a Argemiro Figueiredo, administrador da época, porque a imprensa afirmava que o colégio ficava fora da cidade, fato que prejudicava os estudantes por falta de transporte.
Na década de 1940, além do Centro, que tinha como núcleo o Ponto de Cem Réis e o Varadouro, havia três bairros – Tambiá, Trincheiras e Jaguaribe – interligados por uma linha de bonde.
O bairro de Cruz das Armas praticamente se limitava à avenida principal, onde está situado o 15°Batalhão de Infantaria Motorizado.
A cidade começou a caminhar em direção ao mar por volta dos anos 1950, com a construção do Jardim Miramar e o calçamento da avenida Epitácio Pessoa. Nessa época, as praias de maior prestígio eram Poço, Ponta de Mato e Formosa, em Cabedelo. A praia de Tambaú era frequentada apenas pelos moradores mais abastados, conforme o historiador José Octávio.
João Pessoa
A capital paraibana é uma das cidades mais antigas do país.
Sua fundação foi em 5 de agosto de 1585, quando já existiam Rio de Janeiro e Salvador. A cidade de João Pessoa está na lista dos destinos mais procurados do mundo, em consequência das belezas naturais que aqui se encontram e da tranquilidade em comparação a outras capitais do país. João Pessoa ficou conhecida como a ‘cidade onde o Sol nasce primeiro’. O Farol do Cabo Branco é um lugar estratégico para ver o Sol nascer.
Além das praias, João Pessoa é dona de um Centro Histórico belíssimo, tombado desde 2007 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). As edificações representam vários períodos da história da cidade e no conjunto é possível encontrar exemplos arquitetônicos de várias épocas, como o barroco, o rococó, o estilo maneirista, a arquitetura colonial e eclética, e o art-nouveau e o art-decor. O barroco no Centro Cultural São Francisco tem o poder de impressionar os turistas que visitam João Pessoa; o rococó da Igreja de Nossa Senhora do Carmo confere um cenário ímpar ao templo católico; e o estilo maneirista da Igreja da Misericórdia pede uma parada para fotos.
O tombamento atinge 502 edificações, sendo que a maior parte está na Cidade Baixa e Cidade Alta, incluindo o Porto do Capim, local de fundação da cidade. A Cidade Alta se formou ao redor da Igreja Matriz, onde se instalaram as primeiras residências da elite pessoense. Contam os historiadores que no século XX, o comércio de padrão médio e alto migrou para a Cidade Alta, causando a desvalorização dos terrenos.
Um dia é pouco para visitar os pontos turísticos de João Pessoa, que completa 429 anos de fundação. É muita história e beleza para um dia apenas. Sugerimos que você reserve alguns dias para conhecer o Centro Histórico da capital, um dos mais bonitos do país. Tendo como base o guia ‘Roteiro a pé’ da Secretaria de Turismo de João pessoa, o JORNAL DA PARAÍBA elencou alguns pontos da cidade que não podem deixar de ser visitados. Você só precisa de água mineral para se refrescar, uma câmera fotográfica (que pode ser a do celular) e muita disposição!
Mas, afinal, quem foi João Pessoa?
O atual nome da cidade é uma homenagem ao presidente João Pessoa, que no ano de 1929 negou apoio à candidatura de Júlio Prestes para a Presidência da República. Esse dia ficou marcado na história da política paraibana como ‘Dia do Nego’, daí a explicação para a expressão na bandeira do Estado. Sob forte clima de comoção pelo assassinato do presidente, ocorrido em 26 de julho de 1930, a população da cidade acatou a ideia do poeta Américo Falcão de homenagear-lhe dando o seu nome à capital.
A sessão que aprovou o projeto ficou lotada de parlamentares e principalmente de populares, ainda indignados com a morte de João Pessoa. Terminada a sessão, o povo saiu em passeata aplaudindo a mudança do nome da cidade. A morte de João Pessoa foi o estopim para a Revolução de 1930. O então presidente foi assassinado pelo advogado João Dantas, na Confeitaria Glória, em Recife.
Portal Pilões News / com Jornal da Paraíba

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