Romeiros destacam o valor da ajuda mútua |
A
procissão ocorre neste sábado, em João Pessoa, a partir das 22h, e
segue até a manhã do dia seguinte, reunindo cerca de 300 mil pessoas que
a tornam a principal manifestação religiosa da Paraíba, a segunda maior
do Brasil, atrás apenas do Círio de Nazaré, que coloca cerca de 2
milhões do católicos nas principais ruas de Belém, no Pará.
A
bioquímica Maria Jesus, 64 anos, é uma das devotas que se entrega
profundamente a essa jornada religiosa na Procissão da Penha. Apesar dos
problemas de saúde com familiares, ela avisa que deve participar da
festividade e afirma que “a emoção é inexplicável".
Com o
ex-marido operado em decorrência de um câncer no intestino e um irmão
que passou por cirurgia, Maria Jesus encontra em Nossa Senhora da Penha a
força que precisa para vencer os obstáculos e se unir aos milhares de
romeiros, que se apegam num só objetivo: agradecer à santa pelas graças
alcançadas.
“Já passei por muitas dificuldades, mas sempre dou um
jeito de participar. Uma vez fui diagnosticada com hepatite C, porém,
não me desanimei e fui louvar, cantar para Nossa Senhora da Penha. Não
são os problemas que vão diminuir meu ânimo. Vou fazer o impossível para
caminhar junto à santa que tem feito milagres na minha vida” revela a
bioquímica, emocionada.
A vendedora Fátima Alexandre diz que é
uma das 300 mil pessoas dispostas a percorrer os 14 km em caminhada. Ela
conta que vai à Romaria da Penha há mais de 10 anos e nesse período
venceu problemas com o alcoolismo do ex-marido. “Passei uma situação
difícil com meu ex-companheiro, devido às bebidas alcoólicas, mas nunca
pensei em desistir de caminhar ao lado de Nossa Senhora da Penha. Ergui a
cabeça, entreguei o problema à santa e graças a Nossa Senhora tudo deu
certo. Levo terço e outros objetos religiosos e sigo na caminhada de
purificação. Estou na expectativa para chegar o dia da romaria. Eu vou,
meu filho também e até meu ex-companheiro vai se juntar a nós”.
Caminhada reúne toda a família |
A
manifestação renova a fé dos católicos e cumpre o importante papel de
fazer com que os participantes se envolvam em ações de caridade e
bem-estar social para com o próximo. “É um sentimento que você tem com
Deus, o agradecimento por estarmos vivos, por enxergar, falar, andar;
pela nossa família e por tudo o que temos. É uma força divina que nos
move. Quando estamos caminhado na romaria, os anjos nos acompanham, nos
livrando do mal, e nasce um sentimento de ajudar o próximo, de
solidariedade.”, desabafa a bioquímica Maria de Jesus.
Fiéis agradecem pelas graças alcançadas |
Estrutura
A
organização da Romaria da Penha 2013 já cadastrou e autorizou 12 trios
elétricos que vão guiar os romeiros. O primeiro vai estar posicionado
nas proximidades da subestação da Energisa, na Avenida Pedro II, bairro
da Torre, na Capital.
A Romaria terá início às 22h deste sábado
(23), logo após o Arcebispo da Paraíba, Dom Aldo Pagotto, dar a Bênção
de Envio, desejando a todos uma tranquila caminhada, em frente à igreja
de Nossa Senhora de Lourdes, no Centro de João Pessoa.
A
procissão segue pelas avenidas João Machado, Pedro II, passa pelo trevo
universitário, segue pela avenida Sérgio Guerra (principal dos
Bancários), contorno da entrada do bairro de Mangabeira, na Zona Sul, e
vai pela pista que dá acesso à Praia da Penha, onde é concluída na Praça
Oswaldo Pessoa.
São esperados cerca de 300 mil fiéis |
História
Em
1763, o português Sílvio Siqueira fez um apelo à Nossa Senhora da
Penha. Ele e a tripulação de uma embarcação enfrentavam uma grande
tormenta no litoral paraibano e, para vencer o problema, pediu à santa
para aportar com segurança. A graça foi alcançada e, em retribuição,
Sílvio ergueu uma capela onde desembarcou, na então Praia de Aratú, que
hoje é a Praia da Penha. Assim começou a devoção a Nossa Senhora da
Penha na Paraíba. A festa completa 250 anos em 2013.
Por Portal Correio