Segundo estudos, bebidas fermentadas apresentam substâncias
protetoras da saúde e podem ajudar na redução dos níveis de colesterol
ruim
Não tem polêmica, apenas uma surpresa para alguns desavisados. Há vinte anos, vários estudos sobre bebidas fermentadas - cerveja e vinho - surgiram entre as pesquisas sobre a famosa Dieta Mediterrânea. A presença de substâncias protetoras da saúde – polifenóis (flavonoides e isoflavona) e fitosteróis (resveratrol) - tanto no vinho como na cerveja
explicam o paradoxo de consumidores de muita gordura animal que têm
baixa incidência de aterosclerose no coração na população da região
mediterrânea. O vinho se consolidou como bebida saudável, se não passar de uma ou duas taças por dia.
A cerveja com álcool, uma das bebidas mais consumidas
no mundo - o Brasil é o terceiro em produção e 17º em consumo per capita
- agora teve também demonstrado que, se consumida moderadamente - 600 a
700ml/dia por homens e 350ml por mulheres-, produz benefícios semelhantes aos do vinho. Ela ainda poderia ser reidratante na sua versão sem álcool, já que é composta de aproximadamente 95% de água.
Estas pesquisas científicas foram apresentadas em
Congressos de Cardiologia dos EUA e da Europa, e publicadas em revistas
científicas de grande impacto. Pesquisadores do Instituto de Saúde da
Universidade de Griffith- Austrália criaram uma cerveja
com teor alcoólico reduzido que diminui a desidratação através da
adição de eletrólitos. Após um teste piloto, constataram que esta “nova
versão” hidratou os indivíduos 1/3 a mais do que as outras cervejas
testadas.
Segundo especialistas, consumo moderado de cerveja pode ser benéfico para corredores (Foto: Divulgação)
Citada no antigo testamento, a cerveja fez parte da dieta mediterrânea
antiga e supõe-se que tenha surgido do líquido resultante do simples
armazenamento da cevada em recipientes de barro expostos à chuva. Os
estudos das bebidas fermentadas foram aprofundados em países como
Alemanha, Grécia e Espanha. Recentes pesquisas feitas em Barcelona pela
vice-presidente da Sociedade Espanhola de Cardiologia, a professora Lina
Badimon, que também já atuou como pesquisadora no Mount Sinai Hospital
de NY, analisaram porcos, que possuem características semelhantes aos
humanos no que se refere à doença aterosclerótica.
Os animais foram divididos em três grupos, todos com dieta bem gordurosa: um grupo recebeu diariamente cerveja com teor alcoólico reduzido por 10 dias, outro grupo recebeu cerveja com teor alcoólico regular (3 a 8%) e o terceiro recebeu cerveja sem álcool. Os resultados mostraram que o grupo que mais se beneficiou da ação antioxidante no organismo foi o grupo que recebeu cerveja regular.
Nos humanos, o consumo moderado de cerveja pode trazer
benefícios, principalmente para os níveis de colesterol - aumentando o
HDL e diminuindo o LDL - e elevando a produção interna de óxido nítrico,
o mais potente vaso dilatador e antioxidante biológico e em alguns dos
fatores de coagulação sanguínea. Importante notar que, apesar de mais
discretos, a cerveja sem álcool também apresentou efeitos cardioprotetores.
A cerveja nunca será um remédio, mas, sim, um hábito de vida. Para não
correr o risco de alcoolismo, deve ser muito bem esclarecido que o
consumo dela deve ser obrigatoriamente moderado.
Crianças, gestantes, cardíacos, doentes do fígado ou que estejam usando
medicações incompatíveis com o álcool não devem consumir bebidas
alcoólicas.
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