Dois
dias após sair do regime fechado, no presídio do Serrotão, em Campina
Grande, o detento Antônio de Oliveira Lima, 45 anos, conhecido como
“Toin Doido”, foi executado em frente à casa de Albergue do Monte Santo,
onde passou a cumprir pena no regime semiaberto. Sua sentença de morte
foi às 5h desta sexta-feira (23), tão logo deixou a unidade penal dos
albergados.
Não
é preciso ser especialista no assunto para entender o que podem vir a
ser os ‘motivos gerais’ da execução. Toin Doido é “cadeeiro velho”, como
se diz no jargão prisional, e há um bom tempo se firmava como uma das
‘lideranças’ no bairro do Jeremias e também no Pavilhão 09 do Serrotão
(onde parecia estar mais seguro do que aqui fora, em liberdade).
É
quase uma regra: comandar uma parte da massa carcerária por muitos anos
pode ter seus ‘bônus’ momentâneos. Mas como acontece em qualquer outro
posto de comando na sociedade aqui fora, a ‘cadeira’ do líder também
reserva seus ônus. E no mundo do crime, prezado leitor, a cobrança é
pesada.
Para
comandar é preciso mandar. E para os que não querem ser ‘mandados’, não
há outra forma de persuasão senão o uso da força. É assim que a banda
toca nos bastidores do poder prisional brasileiro. E quando não há
sintonia entre as partes, a relação dentro e fora das penitenciárias
‘desafina’. É o som da pistola quem soa mais alto.
Não
nos precipitemos sobre o caso em tela, na tentativa de antecipar os
reais motivos do assassinato. A Polícia Civil de Campina Grande,
especificamente a competente equipe de policiais comandada pela delegada
Maíra Roberta, já está investigando o caso e certamente trará todas as
respostas nos próximos dias.
Mas
em se tratando de sistema prisional brasileiro, liderança de pavilhões e
o cheiro do queijo chamado “Albergue”, a execução tende a reforçar a
tese de que “o crime não compensa”. Nem dentro nem fora das prisões.