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Este ano, 239 pessoas (62% do total do ano passado, que foram 385) de, pelo menos, 39 municípios paraibanos foram diagnosticadas com Aids e 105 que já tinham a doença morreram. Os dados são da Secretaria de Estado da Saúde (SES) até agosto. Desde que os casos começaram a ser registrados (1985) foram notificados 5.336, com 1.318 óbitos. Apesar dos dados de mortalidade, hoje, a doença não é mais uma sentença de morte. 
Uma pessoa com Aids pode ter a mesma expectativa de vida de uma pessoa sem o vírus, contanto, que o tratamento para evitar as doenças oportunistas seja seguido à risca. A antecipação da terapia é uma diretriz, inclusive, do novo protocolo do Ministério da Saúde. A estudante Rita (que teve sua verdadeira identidade preservada, porque, infelizmente, ainda é vítima do preconceito) vive há 20 anos com o vírus HIV. Em junho, 2.701 pessoas no Estado retiraram medicamentos na SES.

Adquirido de forma vertical, de mãe para filho, a paciente Rita (nome fictício), de 23 anos, soube que tinha o vírus aos 3 anos de idade. “Depois de mim, minha mãe teve outro menino. Até então não sabia que tínhamos. Só depois que meu irmão ficou doente. Os médicos suspeitaram de meningite e depois de vários exames descobriu que ele tinha. Foi aí, que eu, minha mãe e meu pai tivemos que passar pelos exames que mostrou que todos tinham e que eu tinha adquirido de modo vertical da minha mãe”, relatou.
Meses depois, o irmão de Rita morreu. Ela contou que a mãe não aceitava o tratamento nem dela e nem da filha. Por conta disso e da morte do filho, entrou em depressão. “Meses depois ela morreu. Fui morar com meu pai e dois anos depois ele também morreu. Antes disso, ele ligou para minha avó materna que era da Paraíba para que eu viesse morar aqui. Até então, a gente morava no Rio. Quando eu vim para cá, me deram todo encaminhamento para o Clementino e desde então me trato nesse hospital”, contou.
Jovem contaminada pela mãe tem doença há 23 anos:
Até os 10 anos de idade, Rita, 23, contou que não desconfiava que tinha algo de errado. A família nunca revelou o motivo de tomar vários remédios e receber tratamento no hospital. “Eu nunca tive coragem de perguntar. Quando passava propaganda de prevenção a Aids eu saia da sala porque eu meio que suspeitava. Só depois que pediram para uma psicóloga conversar comigo”, revelou, destacando que morou com a avó até os 16 anos de idade. “Ela me dava tudo. Ela colocava minha refeição antes mesmo de acordar. Sem contar com os remédios que ela me dava”, comentou.
Após a morte da avó, aos 16 anos descobriu que tinha tuberculose e em seguida pneumonia, mas recebeu tratamento e ficou curada. No final de 2011, descobriu que tinha neurotoxoplasmose (infecção cerebral). Ficou internada para tratamento e recebeu alta em janeiro do ano passado. Entre 
 julho e agosto do ano passado, Rita sentia fortes dores de cabeça e decidiu procurar um neurologista. 
Ele passou vários remédios, mas não passou de início. A jovem chegou a ter convulsão em casa antes de descobrir um abscesso cerebral.
“Fiz tomografia uma tomografia que mostrou que tinha um abscesso de 4.0 e disse que era preciso cirurgia no São Vicente”, contou, acrescentando que lutou por seis meses porque havia médicos que não queriam fazer a cirurgia e indicavam apenas continuar tomando o antibiótico. Precisou até entrar na justiça para fazer a cirurgia.
“Eu já não aguentava mais esperar. Eu tava enjoada e achava que iria morrer. Quando chegou a ordem para fazer, tive que fazer outra tomografia no Trauma, e foi aí que a médica disse que o abscesso tinha diminuído de 4.0 para 1.3, mas eu não acreditava. Achava que eles estavam me enganando. Depois eles me acalmaram e mostraram que não precisava”, disse. Quase dois meses, Rita ficou tomando injeções e quando repetiu a ressonância apontou que o abscesso havia desaparecido. O tumor tinha aparecido após uma sinusite que comprometeu três ossos da fase, sendo que o líquido se acumulou em um dos lados. 
Em março deste ano começou a aparecer bolhas na pele. “Uma dermatologista fez uma avaliação e pediu uma biopsia. Até então, não sabia o que era. Só um exame de fezes e urina mostrou que eu tinha porfiria. Com isso, não posso tomar sol, meu fígado não produz enzima. Não posso comer comida gordurosa. Hoje recebo alta”, disse. Ela cursa Enfermagem e conheceu uma ONG. Recebeu uma casa no programa Minha Casa Minha Vida. Hoje toma 11 comprimidos. Mora com a tia. Teve três namorados sérios e sabiam da doença. Sofreu preconceito de algumas pessoas.
Protocolos garantem maior prevenção:
As recomendações do Ministério da Saúde sobre o protocolo apontam melhores protocolos para prevenir a transmissão do HIV de mãe para filho e monitoramento regular e mais efetivo da carga viral das pessoas infectadas, para garantir que o tratamento esteja dando certo. Além disso, determina a realização de genotipagem para detecção de resistência genotípica para pessoas que tenham se infectado com um parceiro em uso de medicamentos antirretrovirais, já que a possibilidade de transmissão de mutações de resistência é mais provável nesta situação. O infectologista Francisco de Assis informou que a expectativa de vida de uma pessoa com Aids é a mesma de uma pessoa que não tem, exceto se o paciente adquirir alguma doença oportunista. “Quando uma pessoa é detectada com o vírus, é feito exames que apontam o nível de imunidade e é iniciado o tratamento”, afirmou. 
De 2007 até este ano, a SES notificou mais de 2.207 casos de Aids na Paraíba. Desse total, a faixa etária com maior quantidade de registros, é entre 30 e 39 anos de idade (771), seguido por 40 e 49 anos (556) e em terceiro, 20 a 29 anos (469). Desde que começou a ser notificada, em 1985, até este ano, João Pessoa foi o município que mais recebeu casos, com pelo menos1.804.
Hospitais
Segundo a SES, em junho deste ano, 2.670 adultos e 31 crianças retiraram medicamentos conforme Siclom gerencial. No Estado, o tratamento é realizado no Hospital Clementino Fraga e Hospital Universitário Lauro Wanderley em João Pessoa. Em Campina Grande, no SAE Municipal e Hospital Universitário Alcides Carneiro. Já em Cabedelo, no SAE Municipal. Em Santa Rita, no SAE Municipal e em Patos, no SAE Municipal.
Tratamento
Segundo a infectologista Joana Frade, os parceiros não precisam passar por tratamento, só em casos de exposição com a doença. O principal método de prevenção é o uso de preservativos. “O tratamento depende de vários critérios como a carga viral, do quadro clínico e do imunológico. Temos que avaliar cada caso, cada situação. Nas recomendações, o CD4 recomendava o início do tratamento em pessoas com menor de 500 células”, afirmou.
Vírus silencioso
Nos primeiros anos de contaminação com o vírus, o infectologista Francisco de Assis destacou que ele fica silencioso e muitas pessoas acabam nunca desenvolvendo a Aids. Por conta disso, não vai precisar tomar coquetel. 
Diferença entre soropositivo e portador
O médico ginecologista/obstetra que atende pacientes com a doença, Otávio Pinho, explicou que soropositivo é aquele infectado com o vírus HIV. Já os pacientes com Aids, já sofrem com doenças infecciosas e oportunistas como tuberculose. O tratamento é feito com pessoas com a doença.
O que é HIV?
O HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. Causador da Aids, ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. As células mais atingidas são os linfócitos T CD4+. E é alterando o DNA dessa célula que o HIV faz cópias de si mesmo. Depois de se multiplicar, rompe os linfócitos em busca de outros para continuar a infecção.
Ter HIV não é a mesma coisa de ter Aids
Ter o HIV não é a mesma coisa que ter a aids. Há muitos soropositivos que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença. Mas, podem transmitir o vírus a outros pelas relações sexuais desprotegidas, pelo compartilhamento seringas contaminadas ou de mãe para filho durante a gravidez e a amamentação. Por isso, é sempre importante fazer o teste e se proteger em todas as situações. 
Como se pega o HIV? 
- Fazendo sexo sem camisinha (oral, vaginal ou anal);
- Compartilhando agulhas e seringas contaminadas;
- Da mãe para o bebê durante a gravidez, na hora do parto e/ou amamentação.
Onde buscar apoio?
-Serviços de Saúde;
-Família e amigos;
-Grupos de apoio.
Direitos do soropositivo
-Atendimento, tratamento e medicamento gratuitos;
-Sigilo sobre a sua condição sorológica;
-Queda da obrigatoriedade do exame de aids no teste admissional;
-Permanecer no trabalho;
-Saque de valores do PIS/Pasep e FGTS;
-Benefício de prestação continuada;
-Isenção do pagamento de IR;
-Ninguém deve sofrer discriminação por viver com HIV/AIDS.
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