Luciano Agra só deu tempo para que o governador Ricardo Coutinho voltasse da Europa e, ontem, anunciou que estaria deixando o PSB, partido também de Estelizabel Bezerra, que com ele disputou um congresso partidário para definição de candidato à Prefeitura de João Pessoa, e perdeu. Assim, o homem do chapéu Panamá deixou mais que claro duas coisas: que não apoiará a candidatura de sua ex-secretária e colega de partido, e que está definitivamente rompido com o governador Ricardo Coutinho, o dono do Projeto Girassol.
Sobre Luciano Agra agora pairam duas perguntas: das candidaturas viáveis que restam (Cícero Lucena, José Maranhão, e Luciano Cartaxo e Nonato Bandeira), por qual delas o prefeito de João Pessoa vai optar?
Ninguém sabe, ao certo, mas a preço de ontem, o nome mais cogitado (e isso não passa de especulação) era o de Luciano Cartaxo, do Partido dos Trabalhadores. José Maranhão deu declarações dizendo que estava respeitando “o silêncio de Luciano Agra”, as afirmou que iria procurá-lo em busca de apoio. Dos que restam, o menos provável é que Agra apoie Cícero Lucena. Pelas rusgas que já trocaram, pela diferença ideológica. Cícero é o oposto de tudo, comparado com Agra. Depois de Luciano Cartaxo, portanto, a opção mais provável é José Maranhão, o candidato do PMDB.
Ao longo desta semana, no mais tardar ao final da próxima, tudo estará definido e todos saberão que projeto político Luciano Agra terá abraçado. Quando a escolha de partido, duas são prováveis: o PPS do seu amigo e implicitamente aliado Nonato Bandeira, ex-secretário de Comunicação Institucional do Governo Ricardo Coutinho.
Outra pergunta que se faz é: como irá se comportar o pré-candidato do PPS à Prefeitura de João Pessoa, o jornalista Nonato Bandeira? Nonato manterá a candidatura? Agra apoiará Nonato? E até que ponto Agra condicionaria o apoio a uma chapa impondo a condição de Nonato Bandeira ser o vice? Ninguém sabe. O que se sabe, sim, é que tanto Agra quanto Nonato estão – pelo menos em pensamento – no mesmo barco.
Estrago
Independente de quem Luciano Agra irá apoiar, a verdade é que o prefeito de João Pessoa causou um enorme estrago no projeto político e de governo capitaneado pelo governador Ricardo Coutinho. Agra foi fiel ao projeto até o último instante, mas RC e seus aliados exageraram no tratamento desleal a Luciano Agra. Agora, está ai o resultado: uma avaria sem tamanho num projeto que deu certo em João Pessoa e se configura fiasco em âmbito estadual.
Coitado
Como se não bastasse fritar Luciano Agra, que seria o candidato natural do PSB a sua própria sucessão, Ricardo Coutinho e os seus não mediram consequências para reduzir o tamanho e a importância do prefeito de João Pessoa: foi tratado como menino rebelde merecedor de palmadinhas na bunda; como quem não tem voto, dinheiro e tempo de televisão e, portanto, como se sua escolha para vice-prefeito de Ricardo, tivesse sido um presentinho de Papai Noel.
A fritura
A fritura do nome de Luciano Agra em dezembro do ano passado já estava em curso: desde então, nas rodas políticas se sabia que Ricardo Coutinho tinha no bolso do colete o nome da candidata que iria empurrar de goela abaixo, sem consultar ninguém: Estelizabel Bezerra. Quando Agra sentiu os pés esquentarem, percebeu que iria ser degolado, escreveu, entregou e público aquela famosa carta-renúncia.
Será?
Outra grande expectativa gerada a partir da formalização do rompimento de Luciano Agra com Ricardo Coutinho e seu partido é em torno de como Agra vai tratar os ex-colegas de PSB que ocupam cargos relevantes na administração municipal. Agra vai demiti-los ou os manterá no quadro de assessores. Pela lógica, não, e a degola não irá demorar.
Mandato
Outra questão: será que o PSB vai mover alguma ação na Justiça Eleitoral para reaver o mandato de prefeito de João Pessoa? Afinal, há uma ideia de que o mandato pertence ao partido e não a pessoa que o exerce.
Dilma
Ontem o Correio Debate, programa jornalístico da Rádio 98.3 (CorreioSat), noticiou com exclusividade que a presidente Dilma estará no dia 29 em João Pessoa para participar de um evento na Estação Ciência. Foi o suficiente para se pensar que ela aproveitará e abonará a ficha de filiação de Agra ao PT. Será?
Deselegante
O senador tucano Cícero Lucena foi de uma deselegância sem limite, ontem. Ao ser perguntado pela repórter Pollyana Sorrentino sobre a saída de Agra do PSB, Cícero simplesmente bateu o telefone. A princípio pensou-se que a linha havia caído, mas a jornalista tentou retomar o contato várias vezes e o senador não atendeu.
E pode?
Deu no Estadão: “Maluf passou a negociar com o PT a indicação de um aliado seu para uma secretaria do Ministério das Cidades e foi atendido. Decidiu, então, dar seu apoio ao petista Fernando Haddad na eleição de São Paulo. O ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro (PP), se empenhou especialmente na articulação da aliança para receber, em troca, um apoio do PT à candidatura de sua irmã, Daniella Ribeiro, à prefeitura de Campina Grande, na Paraíba”.
Por Jean Ganso,com Welington Farias
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