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Cerca de 15 pessoas acompanharam o enterro de Nicole Vieira, o bebê de seis meses de idade que tinha um braço gigante, às 11h30 deste domingo (24), no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro. Os pais Flávio Cardoso e Ana Patrícia Vieira disseram estar revoltados com o tratamento que a filha recebeu na sexta-feira (22) no Hospital Municipal Miguel Couto e com a orientação médica do Hospital Federal dos Servidores do Estado.

Nicole sofria de linfangioma – doença que impede o fluxo de oxigênio e provoca o crescimento de tumores benignos – e o motivo de sua morte na última sexta-feira (22) foi uma hemorragia provocada pelo rompimento de uma veia no braço afetado pela doença. Segundo os pais, a criança esperou das 10h às 17h por uma ambulância no Miguel Couto para levá-la para a unidade dos Servidores do Estado, onde era tratada regularmente.

Para Flávio é preciso justiça, pois sua filha teria sentido dor durante todo o dia. Ele diz que Nicole recebeu apenas soro e, por volta das 17h, uma pediatra teria tentado cuidar da criança, mas seria tarde demais.
— A minha filha sempre foi uma guerreira, mas foi demais para ela. O dia inteiro de dor. Não a colocaram no CTI [Centro de Tratamento Intensivo], pois explicaram que, como ela seria transferida, não era necessário internar.

Por meio de nota da Secretaria Municipal de Saúde, a direção do Hospital Miguel Couto afirma que a paciente foi imediatamente internada no Centro de Tratamento Intensivo Pediátrico. Quanto à demora pela chegada da ambulância, a unidade diz que a transferência para outro hospital não reverteria o estado de saúde do bebê.

Ainda segundo a secretaria, "Nicole deu entrada em estado muito grave, com hemorragia no tumor, que ocorreu em todo o braço do bebê até o ombro. Durante o período em que esteve na unidade, ela teve acompanhamento de dois cirurgiões vasculares, três pediatras e um cirurgião pediátrico".

Ana Patrícia diz não entender o comportamento da equipe médica do Hospital dos Servidores, que teria afirmado que a filha não poderia ser tratada na unidade se não chegasse de ambulância.

— A médica falou para procurar um hospital para conseguir uma ambulância para levar o bebê, pois o Servidores só receberia se fosse emergência. Eu estava com muita fé que o tratamento que começaria a fazer na segunda-feira agora [25] ia dar certo.

A direção do Hospital Federal dos Servidores do Estado informou que, em caso de urgência, os pacientes são orientados a procurar atendimento em um serviço de emergência mais próximo - no caso de Nicole, o Miguel Couto.

Emocionados e cercados por amigos – a família do casal é do Ceará –, Flávio e Ana se despediram de Nicole neste domingo lembrando bons momentos que compartilharam nos seis meses de vida da filha. Segundo Flávio, ela se diferenciava pela “vontade de viver e por ser uma criança feliz, principalmente nos últimos meses, quando deixou de sentir dor”.

Nicole ficou conhecida após a Rede Record apresentar a história do bebê que precisa de ajuda para receber tratamento. Desde então, a família da criança passou a receber doações de anônimos e vizinhos na Rocinha, favela da zona sul do Rio. Diversos pacotes de fralda, latas de leite, roupa e brinquedos doados ainda estão guardados na associação de moradores da Rocinha. De acordo com Ana, tudo será doado para outras famílias que também estejam com dificuldades para criar os filhos. 

Por Jean Ganso,com R7
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