A pasta confirma 40 mortes suspeitas de terem sido causadas por
microcefalia. No último levantamento, 26 óbitos eram investigados, uma
morte foi confirmada e outra, descartada. Ao contrário do que vinha
fazendo, o ministério não revelou no balanço desta terça o número de
casos confirmados da malformação.
Segundo o diretor do Departamento de Vigilância de Doenças
Transmissíveis do ministério, Caio Maierovitch, o motivo é que ainda há
dificuldade no enquadramento da doença pelos funcionários dos estados.
“De lá para cá [do dia 12 ao 19], recebemos muitos comunicados dos
estados de que os profissionais tiveram muitas dúvidas no enquadramento
dos casos. Há uma dificuldade na classificação e no enquadramento
confiável, como casos confirmados e descartados”, explicou.
A microcefalia é uma condição rara em que o bebê nasce com o crânio
do tamanho menor do que o normal. A malformação é diagnosticada quando o
perímetro da cabeça é igual ou menor do que 32 cm – o esperado é que
bebês nascidos após nove meses de gestação tenham pelo menos 34 cm.
Pernambuco é o estado com maior número de casos suspeitos de
microcefalia: 1.031. Em seguida, vêm Paraíba e Bahia, com 429 e 271
casos, respectivamente. O Rio Grande do Norte e a Bahia são os estados
com maior número de óbitos sob suspeita da doença: dez casos.
“Não há dúvida que a maioria esmagadora dos casos de microcefalia
esteja relacionado ao vírus zika”, disse Maierovitch. O vírus é
transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, mesmo vetor da dengue e da
chikungunya.
Em 20 estados do país, 16 já instalaram “salas de controle” da
doença, que repassam dados ao ministério. A pasta estabeleceu uma meta
de, até 31 de janeiro, visitar residências em todo o país, em busca de
focos do mosquito. O serviço será feito por os agentes epidemiológicos e
comunitários de saúde e por homens do Exército. Cada agente deve
visitar em média 20 residências por dia.
Durante a apresentação dos dados, o ministério reforçou a importância
do combate ao mosquito Aedes aegypti no período de festas e férias,
quando se produz muito lixo descartável que favorece a formação de
criadouros do inseto.
“Nós queremos exatamente chamar pela responsabilidade do descarte
ecologicamente correto, de todos não deixarem expostos copinhos, copos,
latas de garrafa, tudo o que a fêmea pode colocar o ovo”, pediu o
secretário de Atenção à Saúde, Alberto Beltrame.
O ministério também fez um apelo para que as pessoas doem sangue
neste período, que, segundo Maierovitch, é quando “o número de casos de
doenças agudas relacionadas com vetores costuma aumentar”. Além disso,
segundo a pasta, normalmente há uma diminuição do estoque de sangue nos
hemocentros no verão.
“Estamos orientando todos os doadores que tenham feito doação e tenha
uma ocorrência de qualquer evento sugestivo de infecção pelo vírus zika
até sete dias depois, a procurar um hemocentro para informar do caso”,
afirmou Beltrame. As unidades de saúde estão sendo orientadas para
redobrar os cuidados na monitoração de reações adversas no período
pós-transfusão.
Do Bem Estar