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No maior ato no Afeganistão em anos, milhares saíram às ruas em Cabul nesta quarta-feira para protestar contra a morte de sete membros da minoria Hazara, decapitados por militantes islâmicos na semana passada. Aos gritos de “Vingança!” e “Respeito!”, os ativistas se dirigiram para o palácio presidencial levando os caixões das vítimas, pedindo mais ações do governo para proteger a população. Após um grupo tentar escalar os muros do prédio, as forças de segurança realizaram disparos de advertência, mas sem deixar feridos.

— Ocorreram disparos de advertência ao ar. Os manifestantes estão se dispersando e ninguém ficou ferido — disse o chefe-adjunto da polícia em Cabul, Sayed Gul Agha Rohani, sem detalhar de os tiros foram da polícia, Exército ou guarda presidencial.

Os talibãs e o Estado Islâmico são assinalados como os autores da decapitação. Ainda não se sabe ao certo informações sobre as vítimas, mas entre eles está uma menina de nove anos.

— Meu coração está chorando hoje — disse a professora Shima Rezaee que ajudava a carregar o caixão da criança. — Eu tenho uma filha de nove anos e posso sentir a dor. Nós não nos cansaremos nem enterraremos as vítimas até que o governo escute nossos pedidos por justiça.

Os corpos foram descobertos no domingo pelas autoridades na província de Zabul. Na véspera, os serviços de inteligência afegãos anunciaram a libertação de oito reféns hazaras na província de Ghazni, Centro do país, pouco depois que o presidente Ashraf Ghani assegurar que suas tropas farão todo o possível para encontrar os assassinos.

Ghani também prometeu uma investigação sobre o caso, mas seu gabinete está sob crescente pressão diante dos avanços do Talibã no país e confrontos entre grupos jihadistas rivais. O cenário complica o processo de paz no Afeganistão e cria um risco de tumultos generalizados.

— Este é um caso que não envolve só uma família, uma tribo ou um grupo étnico, mas pertence a todos os afegãos — disse Abdul Rauf Ibrahimi, presidente da Câmara Baixa do Parlamento.

Os hazaras representam 10% da população afegã. Entre 1996 e 2001 foram vítimas da perseguição dos talibãs sunitas quando estes dirigiam o país. Mas uma série de assassinatos e sequestros neste ano tem aumentado a tensão entre os membros da minoria. Segundo os manifestantes, pessoas do grupo étnico são mortas todos os dias nas províncias controladas pelos rebeldes do Talibã.

— A única maneira de evitar tais crimes no futuro é ocupar todos os escritórios do governo até que eles acordem e tomem uma decisão — disse o ativista Sayed Karim, na praça Mazari.

O globo
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