A “pobreza tem cor no Brasil”, e os negros são os mais ameaçados pela crise econômica do país, diz Rita Izsák.
Relatora especial das Nações Unidas sobre Questões de Minorias, ela elogiou políticas de igualdade adotadas pelo Brasil, mas alertou que essas comunidades “imploram” por resultados imediatos.
“As pessoas estão
muito impacientes”, disse Izsák.
No relatório, apresentado na
última quinta-feira, ela criticou a falta de representatividade de
negros em posições públicas e privadas e disse que o país pode fracassar
em capitalizar nos avanços feitos até agora se não houver diálogo e
confiança. “O tecido social é muito frágil”.
Foi a primeira missão oficial de Izsák no Brasil. Em 11 dias, visitou cidades na Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo.
Nascida
na Hungria, ela disse ainda que a mídia precisar expor mais “modelos
negros” para romper o ciclo de marginalização, e que a exposição de
negros na TV é, geralmente, relacionada à violência e à criminalidade.
“Infelizmente, não há modelos positivos”.
“Há muitas boas leis e
políticas para proteger os direitos das minorias. No entanto, elas
exigem medidas mais imediatas que possam se manifestar em mudanças reais
em suas vidas. Trata-se de um momento muito positivo no Brasil. (Mas)
eu vejo que o tecido social é muito frágil, as pessoas estão muito
impacientes, especialmente grupos que sentem que estão marginalizados há
muitos anos e querem mudanças reais. Mas, ao mesmo tempo, todo mundo
reconhece que depois de 500 anos de injustiça e escravidão é muito
difícil obter progresso. Mas há certas medidas e políticas que deveriam
ser adotadas o mais breve possível”, disse Rita Izsák .
BBC Brasil