O Estado Islâmico (EI) ultrapassou a Al-Qaeda
como principal grupo terrorista no mundo, informou o relatório anual
sobre terrorismo do Departamento de Estado dos Estados Unidos. O
documento destaca a forte capacidade em recrutar militantes estrangeiros
e espalhar sua mensagem pelo mundo.
O relatório também conclui
que os ataques terroristas aumentaram em 35% em 2014 frente ao ano
anterior, mas ficaram bem mais concentrados em alguns países. Mais de
60% de todos os atentados destes grupos, diz o governo norte-americano,
concentram-se no Iraque, Paquistão, Afeganistão, Índia e Nigéria.
De
acordo com o governo norte-americano, a disseminação “sem precedentes”
do EI e sua brutalidade, aliada à capacidade de arquitetar ataques,
ajudou o grupo a “suplantar” a Al-Qaeda como grupo líder do terrorismo
mundial. Os dois grupos estão adaptando suas táticas de formas mais
brutais e difíceis de rastrear.
Para o Departamento de Estado dos
EUA, a proeminência da ameaça da Al-Qaeda diminuiu em 2014. “A liderança
da Al-Qaeda também parece ter perdido o ímpeto frente ao movimento de
liderança global e à rápida expansão do Estado Islâmico”, além das
perdas significativas de seu domínio no Paquistão e Afeganistão.
Os
EUA também reconhecem a habilidade do EI em utilizar as “redes sociais
mais populares”, como YouTube, Facebook e Twitter, para disseminar sua
mensagem pelo mundo e recrutar seguidores de “forma ampla”.
Um
aumento de 81% nas mortes no ano passado foi atribuído, em parte, como
resultado de ataques excepcionalmente letais, diz o documento, que cita
ainda táticas agressivas e brutalidade nas ofensivas, como decapitações,
crucificações e ataques em massa. Sequestros e detenção de reféns
também aumentaram, segundo o governo norte-americano.
Guerra na Síria
O documento conclui, ainda, que a guerra civil na Síria, ainda em andamento, teve um papel significativo no terrorismo mundial em 2014. “A taxa de terroristas estrangeiros que viajaram para a Síria – totalizando mais de 16 mil de mais de 90 países – ultrapassou o número de terroristas estrangeiros vindos do Afeganistão e Paquistão, Iraque, Iêmen ou Somália em qualquer período dos últimos 20 anos”.
Muitos
destes estrangeiros, diz o governo dos EUA, uniram-se ao Estado
Islâmico, que, pela “intimidação e exploração de problemas políticos, um
ambiente de maior insegurança no Iraque e os conflitos na Síria,
conseguiram apoio suficiente para conduzir operações militares complexas
como tentativa de conquistar território ao oeste do Iraque e leste da
Síria para formar um auto-declarado califado islâmico”.
Brutalidade do Boko Haram
O relatório destaca o grupo terrorista Boko Haram, baseado na Nigéria, dividindo com o EI o mesmo nível de brutalidade em suas táticas, como apedrejamentos e escravidão de crianças. Ainda que o Estado Islâmico tenha sido responsável pelo maior número de ataques em 2014, o número de mortescausadas pelo grupo nigeriano não fica muito atrás, diz o documento.
G1