A coordenadora estadual de Saúde Mental, Shirlene
Queiroz, avalia que o Estado está numa boa condição em relação a esse
serviço. A gestão chega ao Dia Mundial de Saúde Mental, que transcorre
nesta quinta-feira (10), tem ampliado a Rede de Atenção Psicossocial
(Raps), a partir de um processo de discussão constante entre a
Secretaria Estadual de Saúde e as secretarias municipais de maneira a
garantir boa assistência a pacientes com transtorno mental ou problemas
de saúde decorrentes do uso do crack e outras drogas.
Shirlene
explica que, com a rede o paciente pode ser atendido na região onde
mora, evitando se deslocar à Capital. “Em cada região o usuário poderá
contar com a Unidade de Saúde da Família, o Núcleo de Apoio à Saúde da
Família (Nasf), Samu, UPA, leitos de saúde mental em hospital geral para
desintoxicação e atendimento em situações de crises, Caps Ad III (24
horas), Caps i, unidades de acolhimento adulto e infanto-juvenil,
residências terapêuticas, centros de convivência e projetos de
reabilitação psicossocial.
A Raps é fruto de compromisso do
Governo do Estado em interiorizar as ações de saúde. Já foram liberados
recursos para um Caps Ad III em Piancó, outro em Cabedelo e dois em
Campina Grande, que em breve serão inaugurados.
Treinamento de
pessoal – A SES e o Centro de Referência Regional do Instituto Federal
de Educação Tecnológica (IFPB) estão qualificando 600 profissionais que
trabalham com o serviço de saúde mental. Também teve início em 30 de
setembro, uma qualificação de 180 horas em parceria com UFPB e o
Hospital Universitário Lauro Wanderley para trabalhadores dos municípios
de João Pessoa, Cabedelo, Caaporã, Santa Rita Bayeux e Sapé que atuam
nos hospitais que vão oferecer leitos específicos para saúde mental.
A
coordenadora Shirlene Queiroz disse que a Paraíba também tem alcançado
resultados significativos dentro da reforma psiquiátrica. Ela informou
que foram reinseridos no convívio familiar e social 40 moradores do
Complexo Psiquiátrico Juliano Moreira, e o consequente fechamento desses
leitos
.
A coordenadora Estadual de Saúde Mental realiza
anualmente a Semana Estadual da Luta Antimanicomial que este ano, na sua
terceira edição, contou com o apoio 35 municípios, quatro associações
de usuários, Ministério Público, Ministério da Saúde, Universidade
Federal da Paraíba (UFPB) e outros parceiros.
Também neste ano foi
instituído o Colegiado Estadual de Coordenadores de Saúde Mental que
discute periodicamente o funcionamento da Rede de Atenção Psicossocial.
Mais
ações – O Governo aumentou em quase 100 % o número de leitos em
hospitais gerais destinados à assistência à saúde mental (de 37 para
71), com previsão de elevar esse número para 120 leitos até 2014.
A
partir de visitas aos hospitais psiquiátricos foi elaborado relatório
com nomes de todos os usuários institucionalizados, documento que já
entregue à Promotoria Pública.
Dentro do processo de
municipalização dos serviços, a SES articula com as Secretarias
Municipais de Saúde a implantação de residências terapêuticas nos
municípios que precisam acolher seus egressos de longa internação em
hospital psiquiátrico. Nas 16 Regiões de Saúde também é pactuada a Rede
de Atenção Psicossocial e elaborado o Plano Regional para esse serviço.
Caps
– Entre os serviços mantidos pelo Estado está o Caps Ad III (24 horas)
em João Pessoa, que trabalha com a desintoxicação do usuário.
“Trabalhamos para minimizar os efeitos danosos do uso de drogas, sem
ignorá-los ou condená-los, pois entendemos que a desintoxicação é apenas
parte do tratamento, onde o usuário poderá ficar no acolhimento noturno
por até 14 dias, no período de 30 dias”, destaca a diretora do serviço,
Marileide Martins.
Pela qualidade e quantidade de atendimentos, o
Caps Ad III na Paraíba recebeu elogios do Ministério da Saúde e está
indicado como referência para Estados do Norte e Nordeste que estão
implantando esse serviço, a exemplo do Piauí, Maranhão, Ceará, Amazonas e
Pernambuco. No mês de agosto o Caps realizou 627 atendimentos,
superando a média de vários Estados brasileiros.
O Caps – Ad III –
Jovem Cidadão oferece atendimento individual e familiar ao usuário de
álcool e drogas. “Esse é um dos nossos diferenciais, porque outros
serviços oferecem apenas o tratamento em grupo”, disse Marileide
Martins. O serviço mantém um projeto de geração de renda que já colocou
no mercado de trabalho 112 ex-usuários de drogas por meio de parcerias
com empresas e instituições.
Marileide Martins explica que o
atendimento domiciliar é acionado pela família quando esta não consegue
convencer o paciente a ir até o Caps. Uma equipe vai à residência e, com
ajuda da USF, faz uma avaliação do paciente e toma as providências para
o tratamento. “Também estamos fazendo busca ativa para identificar
novos usuários de drogas e de álcool e providenciar o tratamento dessas
pessoas”, disse a diretora.
No Caps, os pacientes recebem
assistência médica e participam de oficinas terapêuticas que ajudam na
recuperação. Marileide Martins disse que muitas vezes o paciente deixa o
vício das drogas, mas fica com problema mental e por isso continua
sendo acompanhado. “Temos pacientes que deixaram o vício das drogas há
mais dez anos, mas como apresentam transtornos mentais, continuam em
tratamento aqui no Caps, mesmo não sendo nossa referência esse tipo de
atendimento”, complementa.
Marileide Martins explica que é preciso
traçar com usuários, familiares e órgãos que foram a rede de
atendimento as estratégias de redução de danos sociais e de saúde. O
objetivo disso é resgatar a potencialidade e identidade pessoal, muitas
vezes roubadas pelas drogas. “Sem essas articulações torna-se inviável
um trabalho para o dependente químico, pois como se trata de drogas não
há um único saber. É necessário agir numa perspectiva interdisciplinar,
porque o problema é complexo. Pois estamos lidando com vidas de pessoas
que pensam, opinam, sofrem e que tem direito ao exercício pleno da
cidadania”, disse.
O atendimento no Caps preserva o usuário o mais
consciente possível para um trabalho com atendimento individual,
psicoterapia, oficinas terapêuticas, grupos operativos e atendimento
medicamentoso quando necessário. O acompanhamento em comum acordo é
chamado de plano terapêutico.
Outro serviço oferecido pelo Governo
do Estado em João Pessoa é o Complexo Psiquiátrico Juliano Moreira, que
disponibiliza cuidado especializado às pessoas em sofrimento mental. Há
atendimento ambulatorial, de urgência psiquiátrica e internação
hospitalar. No Espaço de Atenção à Crise – o pronto atendimento – é
feito o acolhimento de urgência, onde o usuário passa por uma avaliação
da equipe multiprofissional, podendo ser encaminhado para a observação e
internação, ou ainda ser encaminhado para a rede de serviços
substitutivos.
O gerente de ações estratégicas do Juliano Moreira, Madson Souza, explica que o atendimento ambulatorial pode ser agendado de segunda a sexta-feira, no Centro de Saúde Gutemberg Botelho, para psiquiatras, fonodiólogos, psicólogos, assistente social e odontologia. “De segunda a quarta-feira, a partir das 18h, oferecemos um conjunto de práticas integrativas para os diversos trabalhadores que, pelo seu dia a dia, não conseguem tempo para se cuidar”, destacou.
O Complexo também é referência no atendimento a usuários de crack, álcool e outras drogas, com duas enfermarias (masculina e feminina) totalizando 28 leitos e uma equipe específica para lidar com essa demanda. Outra ação importante é o monitoramento realizado aos usuários que “moravam” no hospital e voltaram à sociedade. Uma equipe realiza visitas sistemáticas aos usuários e verifica suas condições de saúde.
A equipe do complexo psiquiátrico é formada por médicos clínicos e psiquiatras, enfermeiros, técnico em enfermagem, cuidadores, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, educadores físicos, arte educador, pedagogo, assistente social, dentistas entre outros. Profissionais.
Modalidades de Caps
Caps I – Localizados em municípios com população entre 15 mil e 70 mil habitantes. Funcionam de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. Atendem pessoas com transtornos mentais e com problemas relacionados ao consumo de álcool e outras drogas;
Caps II – Com equipe multidisciplinar mais numerosa, os Caps II atendem situações de saúde mental nos municípios com população entre 70 mil e 200 mil habitantes, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h;
Caps III – Estes serviços de saúde mental funcionam 24 horas, inclusive finais de semana e feriados, e podem ser implantados em municípios com mais 150 mil habitantes;
Caps-AD – Cidades que tenham mais de70 mil habitantes têm indicação de implantar Caps AD para atender pessoas que usam álcool e outras drogas;
Caps AD III – Estes serviços
de saúde mental funcionam 24 horas, inclusive finais de semana e
feriados, e podem ser implantados em municípios com mais 150 mil
habitantes, para atender pessoas que usam álcool e outras drogas;
Capsi
– Serviços de saúde propostos para atender crianças e adolescentes com
algum tipo de transtorno mental (incluindo álcool e outras drogas) em
municípios com mais de 70 mil habitantes.
Serviços em funcionamento
Caps i - Pombal, Sapé e Princesa Isabel;
Caps Ad – Sapé;
Caps Ad III (24 horas) - dois em João Pessoa , um em Princesa Isabel e um em Pombal;
Caps
I – Araçagi, Cuité, Mulungu, Barra de Santa Rosa, Santa Luzia, São João
do Rio do Peixe,
Pilar, São Sebastião de Lagoa de Roça, São José de
Piranhas e Rio Tinto;
Caps III – João Pessoa;
Unidade de a atendimento adulto em Sapé;
Unidade de atendimento infantil em João Pessoa;
Duas residências terapêuticas em Cajazeiras.
Por Portal Correio