A cena dramática foi registrada pelo padre Djacy Brasileiro, pároco da cidade de Pedra Branca, na mesma região, que vem denunciando a falta de assistências dos governos aos agricultores e produtores que perderam tudo o que investiram por conta da seca.
Seu
Jorge tinha 11 animais em seu rebanho. A maioria morreu de sede e fome.
Hipertenso, há uma semana ele foi encontrado desacordado no meio do
terreiro, próximo de uma vaca que também morreu tentando parir. “A vaca,
uma das últimas que eu tinha, morreu depois de tentar parir e não ter
forças. Não agüentei de tanta tristeza, passei mal e desmaiei. Sofro de
pressão alta e caí ao ver meu animal morrer de fome, sede e sem ter sua
cria”, narra.
Ele teve que se desfazer de outros animais,
vendendo-os a preço abaixo do mercado local, para fugir de um prejuízo
maior. A única vaca que sobrou está magra e mal consegue parar de pé.
Pele e osso sustentados por cordas de agave, para tomar água e comer das
mãos do seu dono.
A
tentativa desesperada de seu Jorge para manter vivo seu último animal é
comovente. Ele diz que vai fazer tudo que puder para que a vaca
sobreviva até fevereiro do próximo ano, quando a Agência Executiva de
Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa) prevê que chova na região.
Para seu Jorge, esse último animal é um símbolo da perseverança e da
resistência do povo sertanejo.
Itaporanga é um dos 195 municípios
sob estado de emergência decretado pelo Governo do Estado. O principal
manancial que abastece o município, o açude Cachoeira dos Alves, com
capacidade para acumular 10,6 milhões de metros cúbicos de água, está
com menos de 33% do seu total.
O município tem uma população estimada em 17.632 habitantes, sendo que na zona rural moram 5.563 pessoas. Seu Jorge está entre os moradores da zona rural, no sítio Riachão.
O município tem uma população estimada em 17.632 habitantes, sendo que na zona rural moram 5.563 pessoas. Seu Jorge está entre os moradores da zona rural, no sítio Riachão.
Por Jean Ganso,com Portal Correio