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| Promotor Marinho Mendes (CEDH) é destaque em artigo de Rubens Nóbrega | 
Direitos humanos 
O jornalista Rubens Nóbrega, colunista do Jornal da Paraíba, do JP 
Online e do Blog Polêmica Paraíba, assina artigo relatando a barbárie 
ocorrida no município de Queimadas-PB, onde cerca de cinco mulheres 
foram, violentamente, estupradas por delinqüentes encapuzados, sem que 
até hoje as autoridades locais e o Governo do Estado tomassem alguma 
providência. 
Em seu artigo, 
Nóbrega condena a ação dos acusados e a omissão do governador da 
Paraíba, mas, faz questão de ressaltar o trabalho executado pelo CEDH 
(Conselho Estadual dos Direitos Humanos) no caso, inclusive a contínua 
ação de justiça da parte do promtor Marinho Mendes Machado.
LEIA O ARTIGO COMPLETO 
"Oito meses 
depois do estupro de cinco mulheres e trucidamento de duas que 
reconheceram de imediato os estupradores, a maioria dos viventes e 
sobreviventes de Queimadas não pode sequer dizer que teve direito à 
reação típica do brasileiro comum e mais imprevidente “que só fecha a 
porta depois da casa arrombada”.
A sensação é de 
que vivem numa cidade escancarada para o crime, sem ferrolho nem tramela
 que impeça ou dificulte a invasão de lares, a supressão de patrimônio e
 a violação brutal do corpo e da paz de espírito das pessoas de bem que 
lá permanecem por teimosia, falta de opção ou condições para mudar. 
A violência 
associada à insegurança e omissão do poder público faz de Queimadas uma 
cidade constantemente apavorada, doente de medo, como disseram muitos 
dos moradores e autoridades locais que compareceram na última 
quinta-feira a uma audiência pública do Conselho Estadual de Direitos 
Humanos (CEDH). 
 “Foi assim que 
muitas pessoas que utilizaram da palavra (durante a reunião) 
diagnosticaram a cidade de Queimadas e afirmaram que a cidade 
encontra-se doente pela droga, pela ingestão de substâncias alcoólicas 
de forma desenfreada, pela sexualidade precoce e pela desestruturação 
familiar”, relata informe divulgado na última sexta-feira pelo CEDH. 
O Conselho foi a 
Queimadas “hipotecar irrestrita solidariedade às vítimas” da barbárie de
 12 de fevereiro deste ano, quando celerados atraíram mulheres para uma 
comemoração familiar, simularam um assalto por bandidos encapuzados à 
casa onde acontecia a festinha, estupraram pelo menos cinco das 
convidadas e mataram duas.
Além de 
manifestar solidariedade, o CEDH esteve em Queimadas “para ouvir 
autoridades e população acerca da adoção de providências que viessem a 
combater a violência na cidade em todas as suas variáveis”. Mas, pelo 
visto, muito pouco ou quase nada foi feito desde então, pelo Governo do 
Estado ou do município. 
Cidadãos desamparados 
“Todos foram 
unânimes e taxativos: desde o triste episódio que enlutou e entristeceu 
toda a cidade, nenhuma política pública foi implantada pelo Governo do 
Estado para reduzir a violência na cidade, tudo continua como dantes ou 
pior, os queimadenses não enxergam uma luz no fim do túnel, encontram-se
 inteiramente desamparados”, acrescenta nota divulgada pelo Conselho. 
Os conselheiros 
ficaram chocados com o que ouviram de autoridades e cidadãos comuns de 
Queimadas, começando pela informação de que a cidade conta com apenas 
três homens da Polícia Militar e uma viatura, que jamais viram sendo 
utilizada em uma prosaica blitz para garantir a Lei Seca em razão do 
elevado consumo de álcool. 
Como se não 
bastasse, a Delegacia de e Polícia Civil de Queimadas fecha no final de 
semana. Se alguém tiver necessidade de registrar queixa ou mesmo se for 
lavrado um flagrante, o jeito é correr para Aroeiras, onde se 
concentraria o plantão policial para toda aquela banda do Agreste 
paraibano. 
Os membros do 
CEDH que participaram da visita e atividades atestam que o município foi
 no mínimo desprestigiado pelo Governo do Estado, porque além da Central
 de Polícia ser em Aroeiras, a companhia da PM mais próxima fica em 
Boqueirão. “E pra Queimadas nada, mesmo depois da ocorrência que chocou 
todo o país”, protestam os conselheiros. 
Prefeitura também omissa 
Por sua vez, a 
Prefeitura de Queimadas parece não dar a mínima para a segurança de seus
 munícipes, que não têm câmeras para vigilância eletrônica das ruas nem 
iluminação nos locais de risco, sem contar a falta de uma Guarda 
Municipal e de projetos para programas governamentais como o Segundo 
Tempo. 
Se houvesse 
interesse, adesão e empenho do governo municipal nas ações do Segundo 
Tempo, crianças e adolescentes ameaçadas pelo ócio, trabalho infantil ou
 tráfico estariam recebendo bolsas para praticar esportes, aprender a 
dançar, trocar flauta e outros instrumentos musicais. 
Os representantes
 do CEDH decidiram elaborar um relatório e enviar o documento tanto para
 o Governo do Estado como para a Prefeitura de Queimadas, solicitando, 
entre outras medidas, instalação de câmeras, projetos para o Segundo 
Tempo, proteção das mulheres, uma companhia de polícia, guarda municipal
 e blitzens para garantir a Lei Seca. 
“O Conselho 
está de olho e vai se manter firme na luta. É chocante a situação de 
Queimadas e, o pior de tudo, o governo não está nem aí”, comentou o 
conselheiro Marinho Mendes, Promotor de Justiça, um dos mais 
atuantes membros do órgão. Ele tem se empenhado particularmente em 
combater a infâmia segundo a qual os “Direitos Humanos protegem 
bandidos”. 
Eis uma acusação lamentavelmente recorrente entre segmentos mais pobres e
 mais desrespeitados em seus direitos mais comezinhos, induzidos que são
 muitas vezes por radialistas e jornalistas desinformados ou mal 
intencionados, alguns completamente sem noção ou respeito à defesa e ao 
contraditório a que todo ser humano – bandido ou não – tem direito. É 
por direitos como esses, consagrados e acatados em todo o mundo, 
duramente conquistados e consolidados ao longo do processo civilizatório
 da humanidade cristã, que os ‘Direitos Humanos’ e homens como Marinho 
trabalham".
  Por Jean Ganso,com Rubens Nóbrega 
