Um grupo internacional de cientistas descobriu três planetas de
tamanhos e temperaturas semelhantes às da Terra que orbitam ao redor de
uma estrela anã ultrafria a apenas 40 anos luz da Terra, anunciou nesta
segunda-feira (2) o Observatório Austral Europeu (ISSO).
Os
astrônomos fizeram esta descoberta ao detectar através do telescópio
TRAPPIST, instalado no Observatório La Silla (Chile), que esta estrela
desvanecia em intervalos regulares, o que significa que vários objetos
passavam entre ela e a Terra.
Segundo os astrônomos, a estrela
TRAPPIST-1, que fica na constelação de Aquário, é uma estrela anã
frágil, mais fria e vermelha que o Sol, e de um tipo muito comum na Via
Láctea, mas se trata da primeira vez que foram encontrados planetas
gravitando ao seu redor.
Os achados deste estudo, publicado pela
revista “Nature”, foram defendidos com entusiasmo por Emmanuël Jehin, um
dos cientistas envolvidos – “se trata de uma mudança de paradigma” – e
por Julien de Wit, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, (MIT,
EUA), “é um passo gigante na busca de vida no Universo”.
“Se
queremos encontrar vida em outros lugares do Universo, aí é onde devemos
começar a buscar”, explicou o responsável pela equipe de astrônomos,
Michaël Gillon, do Instituto de Astrofísica e Geofísica da Universidade
de Liège, Bélgica.
Determinar o tamanho destes três planetas foi
possível graças a aparelhos ópticos maiores, como o instrumento HAWK-I,
instalado no telescópio de longo alcance (VLT, e de oito metros) do
Observatório La Silla.
O estudo constatou que do trio de planetas,
dois deles demoram 1,5 e 2,4 dias respectivamente para completar sua
órbita, enquanto o terceiro gasta entre 4,5 e 73 dias.
A
consequência destes períodos orbitais tão curtos é que “os planetas
estão entre 20 e 100 vezes mais perto de sua estrela que a Terra do
Sol”, explicou Gillon.
Paradoxalmente, os dois planetas mais
próximos recebem só quatro e duas vezes a radiação que a Terra recebe,
enquanto o terceiro, exterior, provavelmente recebe menos que a Terra.
Atualmente
estão em construção vários telescópios gigantes com os quais De Wit
acredita poder estudar estes planetas e suas atmosferas, “primeiro na
busca de água e depois de plantas de atividade biológica”.
O ISSO
espera abrir uma nova via para a caça de exoplanetas que possam ser
habitáveis, “primos” da Terra em condições, como os descobertos neste
estudo.
G1