Gestores querem moratória junto a União pelo prazo de 1 ano. |
Os governadores dos nove estados do Nordeste vão enviar ao presidente
em exercício Michel Temer uma carta em que pedem reavaliação das
dívidas. Eles querem também moratória no prazo de um ano para débitos
com a União, e de quatro anos para dívidas com o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“Entre as diversas pautas destaco como ponto principal o pedido de
rolamento das dívidas dos estados com a União por um ano, e junto ao
BNDES por quatro anos. Pois esta é uma medida importante para saúde
financeira dos estados, porque daria aos gestores mais autonomia para
decisões”, disse o governador Alagoas, Renan Filho (PMDB).
Na última terça-feira (17), o governador em exercício do Rio de
Janeiro, Francisco Dornelles (PP), também havia proposto carência de um
ano dos juros que são cobrados na dívida dos estados com a União.
O documento dos governadores do Nordeste foi elaborado em uma reunião
a portas fechadas em um hotel em Maceió, que durou praticamente toda
esta quinta-feira (19). Veja os principais pontos abaixo e a íntegra do
documento no final da reportagem.
– Participação dos governos nas discussões sobre ajuste fiscal que repercutam nos estados e municípios;
– Apoio ao Projeto de Alongamento da Dívida dos Estados, com carência
de um ano para as dívidas com a União, e de quatro anos para dívidas
financiadas pelo BNDES;
– Aprovação, com urgência das PECs 152/2015 (novo regime especial de
precatórios), 159/2015 (que trata dos depósitos judiciais para pagamento
de precatórios) e 128/2015 (veda a criação e expansão de despesas para
estados e municípios sem apresentação das fontes de receita);
– Autorização urgente para contratação de novas operações de crédito
como forma de retomada dos investimentos e geração de emprego.
– Manutenção das obras estruturantes, especialmente as hídricas, como a transposição do rio São Francisco.
CARTA DOS GOVERNADORES DO NORDESTE
Diante do exposto, nós, governadores dos Estados do Nordeste,
reunidos em Maceió – AL, após um dia de debates e reflexões sobre a
construção de uma agenda positiva com foco no desenvolvimento nacional e
regional e na superação da grave crise econômica, consensualmente
apresentamos nossas aspirações:
1. Participação nas discussões sobre ajuste fiscal que repercutam nos Estados e Municípios;
2. Apoio ao Projeto de Alongamento da Dívida dos Estados, com
carência de 12 meses para as dívidas com a União e de 4 anos para
dívidas financiadas pelo BNDES;
3. Aprovação, com urgência, da PEC 152/2015, que cria o Novo
Regime Especial de Precatórios; da PEC 159/2015, que trata dos Depósitos
Judiciais para Pagamento de Precatórios; e da aprovação da PEC
128/2015, que veda a criação e expansão de despesas para Estados e
Municípios sem apresentação das devidas fontes de receita;
4. Autorização urgente para contratação de novas operações de
crédito como forma de retomada dos investimentos e geração de emprego;
5. Recomenda-se a adoção da redução em 10% dos benefícios fiscais
concedidos, regulamentando o Convênio ICMS 42/2016, aprovado por todos
os estados brasileiros no Confaz: estipular que, pelo menos, 10% dos
benefícios e incentivos fiscais concedidos sejam destinados a Fundo, a
ser definido por cada Estado;
6. Manutenção das obras estruturantes, especialmente as hídricas, a exemplo da transposição do rio São Francisco;
7. Construção de uma Política Nacional de Segurança Pública,
abrangendo pontos tais como: controle de fronteiras; uniformização
nacional de índices de crimes violentos letais intencionais – CVLI;
estabelecimento de critérios de repasse automático de 50% dos recursos
do Fundo Penitenciário Nacional (FUPEN) para os Estados, utilizando o
critério de rateio do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito
Federal – FPE;
8. Apoio prioritário às famílias com crianças nascidas com
microcefalia, no âmbito dos programas sociais desenvolvidos pelo Governo
Federal;
9. Adoção de medidas para superar o subfinanciamento do Sistema
Único de Saúde – SUS, como forma de reverter a precarização dos serviços
de saúde;
10. Criação, pela União, do PreviFederação, para atender aos Estados que instituíram a Previdência Complementar.
A legitimidade dos pleitos contidos nesta Carta está
principalmente associada à capacidade privativa da União em se financiar
com a emissão de títulos públicos nesses períodos de grave crise
econômica.
A vedação aos Estados de emitir títulos para se financiar pode
ter contribuído para a melhoria do quadro fiscal geral da Nação nos
últimos 15 anos, mas a restrição financeira imposta aos Estados e
Municípios na mais grave crise que já atingiu o país requer um grau de
coordenação e soluções federativas à altura.
José Renan Vasconcelos Calheiros Filho
Alagoas
Alagoas
Rui Costa dos Santos
Bahia
Bahia
Camilo Sobreira de Santana
Ceará
Ceará
Flávio Dino de Castro e Costa
Maranhão
Maranhão
Ricardo Vieira Coutinho
Paraíba
Paraíba
Paulo Henrique Saraiva Câmara
Pernambuco
Pernambuco
José Wellington Barroso de Araújo Dias
Piauí
Piauí
Robinson Mesquita de Faria
Rio Grande do Norte
Rio Grande do Norte
Jackson Barreto de Lima
Sergipe
Sergipe
Do G1