Nesta sexta-feira (22) pela manhã, a secretária de Estado da Saúde,
Roberta Abath, se reuniu com a presidente do Círculo do Coração, Sandra
Mattos; gerentes regionais de saúde e diretores de hospitais, para
ajustar os detalhes técnicos da III Caravana do Coração, que será
realizada no período de 29 de junho a 11 de julho, em 13 municípios,
começando por Cajazeiras e seguindo por Sousa, Catolé do Rocha, Pombal,
Patos, Itaporanga, Princesa Isabel, Sumé, Esperança, Picuí, Guarabira,
Itabaiana e Mamanguape.
O objetivo é atender cerca de 1000 pessoas,
entre crianças e gestantes, com problemas cardíacos.
O público-alvo da caravana, que vai contar com a participação de
cerca de 50 profissionais, são crianças de 0 a 12 anos e gestantes com
idade gestacional de 22 a 28 semanas, que apresentem algum tipo de
cardiopatia ou problemas oriundos de cardiopatias, a exemplo de febre
reumática, sopro, cianose, taquicardia e desmaios, em crianças; e nas
mulheres, problemas como diabetes clínica, cardiopatia já estabelecida,
má formação fetal, histórico familiar de cardiopatia, hipertensão
materna, entre outros. A meta é atender 80 crianças e 20 gestantes, em
cada município.
Além da assistência, a Caravana oferecerá cursos de capacitação aos
profissionais de saúde dos 13 municípios. Serão 60 vagas por cidade. Os
cursos são: Transporte do Recém Nascido de Risco; Assistência de
Enfermagem ao Recém Nascido; Reanimação Neonatal; Auxiliar da Reanimação
Neonatal; Acesso venoso no recém nascido; Suporte ventilatório no recém
nascido e Uso do CPAP artesanal no recém nascido.
“A Caravana, no seu perfil de capacitação, tende a deixar melhor
preparados os profissionais dos vários níveis de assistência, o que
resulta na redução da morbimortalidade materna e neonatal, uma vez que
haverá melhor qualidade na prestação do serviço”, destacou o coordenador
estadual da Rede de Cardiologia Pediátrica e também instrutor dos
cursos, Cláudio Regis.
A presidente do Círculo do Coração, Sandra Mattos, explicou que há
grandes novidades na terceira edição da Caravana do Coração. Uma delas
será a implantação das “salas do coração”. “Serão salas de telemedicina,
que vão servir de ambientes virtuais de ambulatórios, onde médicos e
enfermeiros locais vão trabalhar com profissionais do Círculo para fazer
o acompanhamento das crianças cardíacas da cidade”, explicou.
Outra novidade é a capacitação continuada em saúde, onde as aulas
serão disponibilizadas na internet, no site do Círculo. “Toda semana
temos reunião onde discutimos casos clínicos, trabalhos de literatura e
rotinas do projeto. Todas as discussões são gravadas e vão pro programa
de educação continuada, do Círculo do Coração. Os profissionais de saúde
poderão acessar a qualquer momento”, disse Sandra.
Ainda terá a implantação do “Ecotaxi”, pelo qual uma mala com todos
os equipamentos necessários para fazer ambulatório de cardiologia
(máquina de ecocardiografia, estestoscópio, tensiômetros) irá para as
cidades para o atendimento ambulatorial.
Balanço – Em 2013, foi realizada a 1ª Caravana do
Coração. “Foram nove dias de viagem e neste período realizamos 4.608
atendimentos nas áreas de Enfermagem, Cardiologia, Ecocardiograma,
Psicologia, Nutrição, Serviço Social, Arte Terapia, Ausculta Cardíaca e
Eletrocardiograma em 512 pacientes”, explicou Sandra Mattos.
Ano passado aconteceu a 2ª Caravana do Coração, que visitou 13
municípios com duração de 14 dias e desta vez com 40 profissionais.
Nesta Caravana, foram realizados 9.171 atendimentos nas mesmas áreas
da primeira caravana, em 1.019 pacientes. Foram ainda realizadas
capacitações em reanimação neonatal, transporte e cateterismo umbilical
para 495 profissionais de saúde.
Outros dados – A Rede de
Cardiologia Pediátrica (PB\PE) realizou nos últimos três anos cerca de
80 mil triagens neonatais. Ainda de acordo com os dados, nesse mesmo
período, foram realizadas 7 mil consultas e ecocardiogramas, 800
capacitações profissionais, além de 330 cirurgias no Complexo de
Pediatria Arlinda Marques, na Capital, referência na área, e mais 62
outras cirurgias, no Recife, de pacientes cardiopatas paraibanos. A Rede
de Cardiologia Pediátrica (PB\PE) é fruto de um convênio assinado
entre o Governo do Estado e o Círculo do Coração de Pernambuco no dia 17
de outubro de 2011, no valor de R$ 3.327.633,12. Em novembro de 2013, o
convênio foi renovado em R$ 6 milhões.
A Rede hoje cobre quase 85% dos nascimentos da rede pública de
maternidades. A Paraíba é pioneira no projeto do Círculo do Coração e
oferece assistência de qualidade à população, desde o atendimento
ambulatorial até a alta complexidade. A Rede de Cardiologia Pediátrica é
financiada com recursos da Secretaria de Estado de Saúde e surgiu da
necessidade de melhorar o atendimento em cardiologia pediátrica no
Estado.
O serviço também atua na capacitação dos profissionais do sistema
público de saúde, em especial neonatologistas, ultrassonografistas,
pediatras e enfermeiros, visando o diagnóstico e tratamento das doenças
cardíacas em crianças. As equipes são treinadas para realizar a triagem
neonatal por oximetria de pulso, exame feito nas primeiras 24 horas de
vida do bebê, capaz de detectar doenças cardíacas congênitas. O exame
avalia a saturação de oxigênio no sangue. Nos casos em que é detectada
alguma anormalidade, os bebês são encaminhados para realizar exames mais
aprofundados. Também é feita triagem neonatal com ecocardiograma
realizado pelo neonatologista, com supervisão de um cardiologista
online. Além disso, contam com toda a assistência clínico-cirúrgica dos
médicos ligados ao Círculo do Coração de Pernambuco.
Avaliação – Sandra Mattos avalia o projeto de forma
bastante positiva: “Acredito que hoje não temos nenhum estado que seja
capaz de ter uma triagem, uma avaliação e manuseio de crianças
cardiopatas como temos na Paraíba. Nós fizemos um trabalho recente
mostrando que estávamos detectando quatro bebês em cada mil nascidos
vivos com cardiopatia. Hoje, nós detectamos em torno de 10 a 11 bebês. E
o que se acredita é que, em torno de 10 bebês, de cada mil nascidos
vivos, tem doenças cardíacas. Então, praticamente, estamos detectando a
totalidade dos bebês que nascem com doenças cardíacas no estado”,
avaliou.
“Além do mais, há essa integração dos profissionais e treinamento das
equipes. O projeto tem sido fantástico e acredito que quando chegarmos
em outubro, quando completa quatro anos, nós vamos passar da marca dos
100 mil atendimentos. Atualmente, já passamos dos 80 mil”, concluiu.
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