Muitas vezes, a
folia de Carnaval é embalada com bebida alcóolica, seja nos bloquinhos
de rua, no sambódromo ou no clube. Mas tome cuidado, o abuso ou excesso,
principalmente dos adolescentes pode prejudicar à saúde. O álcool pode
trazer diversos problemas ao sistema nervoso central e até a morte.
As
consequências do álcool do cérebro do adolescente são “muito piores” que
nos adulto, explica a psiquiatra e presidente da Abead (Associação
Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas) Ana Cecília Marques.
Segundo ela, a substância pode “provocar atrofia em áreas importantes do
cérebro, que faz com que a pessoa amadureça”.
— Além de
afetar todo o sistema nervoso central, o álcool também mexe com sistema
cardiovascular, ou seja, as pessoas ficam mais vulneráveis a ter AVC
(acidente vascular cerebral). Esse rompimento de artérias pode deixar a
pessoa com sequela ou levar à morte. A bebida em excesso está associada
muitas vezes casos de violência, relação sexual sem camisinha, entre
outros.
Principal causa de afastamento do trabalho, álcool leva à depressão e pode até matar
Durante o
Carnaval é muito comum as internações decorrentes de coma alcoólico,
segundo a professora do Departamento de Medicina Preventiva da Unifesp
(Universidade de São Paulo), Zila Sanches. Segundo ela, o coma acontece
quando há intoxicação decorrente do excesso de consumo e faz a pessoa
sofrer “um apagão”.
— O coma é reversível, mas depende do estrago. O tratamento é realizado na UTI (Unidade de Treinamento Intensiva).
Mistura álcool e energético
Além do uso do
álcool, a médica cardiologista e presidente da Socerj (Sociedade de
Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro), Olga Ferreira de Souza, alerta
para a mistura do álcool com energético, bebida comum nestes dias de
festa Em excesso, a combinação pode levar ao aumento da pressão
arterial, palpitações, arritmias cardíacas, e até AVC e a morte súbita.
— Os
energéticos escondem os sintomas de embriaguez, pois são estimulantes,
contêm cafeína e taurina que mascaram os efeitos do álcool. Os
energéticos permitem que a pessoa beba por mais tempo e em maior
quantidade.
Em seis anos, consumo de álcool cresce 20% no Brasil
A professora
Zila explica que o “energético mascara os efeitos do álcool, assim faz
com que a pessoa beba mais e não sinta os efeitos do seu consumo”.
Portanto, a pessoa se sujeita a embriaguez e todos os riscos que isto
acarreta, como redução de reflexos, riscos de quedas e acidentes, risco
de dependência e risco de morte.
Um estudo
realizado pela Unifesp mostra que a cafeína presente nos energéticos
potencializa o efeito maléfico do álcool no cérebro e pode provocar
envelhecimento precoce e a doenças como Mal de Alzheimer e de Parkinson.
De acordo com Olga, portadores de doenças do coração podem ter mais problemas ao consumir a mistura.
— O jovem não
faz habitualmente avaliação clínica e cardiológica que nos permita dizer
se é saudável. O risco é enorme para aqueles que são portadores de
doenças do coração, hipertensão arterial e arritmias e também para os
que não sabem ter doenças.
Consumo de álcool pode provocar câncer
Nunca beba em jejum
“Se for beber,
que seja de forma moderada, pouca quantidade, evitando bebidas
destiladas que possuem maior teor alcoólico”, alerta a cardiologista.
— O ideal é se
hidratar periodicamente durante o consumo de bebidas alcoólicas, pois um
dos efeitos do álcool é a desidratação das células. Só beba se estiver
bem alimentado, nunca em jejum.
Jovens bebem cada vez mais cedo
Além dos
problemas de saúde, Ana Cecília diz que as pessoas estão bebendo cada
vez mais cedo. E, segundo ela, “inicialmente” isso ocorre por “falta de
politica para o álcool”.
— Atendo há
mais de 30 anos. Antigamente, atendia paciente alcoólatra com 45 ou 50
anos. Hoje, a partir dos 35 anos, porque se toma cada vez mais cedo. Os
jovens estão tendo cada vez mais acesso à bebida. Não existe controle
para a venda do álcool. O adolescente tem acesso ao álcool. Não existe
campanha preventiva que explicasse bem as consequências do uso do
etanol. Se uma mãe soubesse de tudo, iria pegar no pé do filho e dar
limites.
*Colaborou: Luiz Guilherme Sanfins, estagiário do R7