A ideia é tentadora: riscar a menstruação do seu calendário, evitando
os incômodos das cólicas e da tensão pré-menstrual (TPM). A questão é
saber se isso traz ou não consequências para o seu corpo. Os
profissionais consultados pelo Portal Vital dizem quais são os prós e os
contras e compartilham suas posições para que você fique mais
informada.
Como funciona
Atualmente, as farmácias têm em suas prateleiras uma série de
medicamentos à base de hormônios desenvolvidos pela indústria
farmacêutica justamente para esta função. O ginecologista Eliezer
Berenstein explica que a grande capacidade de regeneração do endométrio
(tecido que reveste o útero internamente, fica mais grosso em preparação
a uma eventual fecundação e é expelido quando ela não acontece) ocorre
devido à capacidade de reconstituição de um grande número de células.
“Para bloqueá-las, são usados hormônios que agem nas mamas, no metabolismo e principalmente no comportamento.
Cria-se uma espéciede menopausa artificial,
que, em alguns casos, impacta no sono, no pico de desejo sexual típico e
desejado da ovulação e até no quociente intelectual e emocional”,
detalha.”
Fertilidade e peso
Paula Fettback, ginecologista obstetra e especialista em reprodução
humana do Grupo Huntington, cita outros eventuais efeitos colaterais:
calores, irritabilidade e ganho de peso. “Além disso, casos de
hipertensão, diabetes, obesidade e trombose exigem uma maior cautela”,
exemplifica.
As injeções trimestrais de derivados da progesterona, por exemplo,
estão mais associadas a casos de aumento de peso. A fertilidade também é
influenciada, só que, por todos os tipos de produtos à venda. A
gravidez, por esse motivo, é possível somente depois de dois a quatro
meses após o remédio não ser mais ingerido. “Mas pessoas com
endometriose têm mais facilidade para engravidar fazendo o bloqueio da
menstruação”, diz Paula.
O que pensam os médicos
Para Eliezer, autor do livro A inteligência hormonal da mulher,
a interrupção requer uma reflexão. “Essa deveria ser uma opção somente
nos casos em que a paciente esteja sendo prejudicada ou quando tem
endometriose, hemorragia ou cólicas fortes. As pacientes não são tubos
de ensaio para receberem hormônios como ocorre muitas vezes”, afirma.
Paula pensa diferente, e chama a atenção para o livre arbítrio. “Querer
parar de menstruar é um direito, uma mudança de estilo de vida, mas é
fato que o uso das substâncias depende de critério. Se bem prescritas,
não causam mal para o organismo”, contrapõe.
Apesar de sua convicção, Paula concorda que o método tem a desvantagem
de, em algumas situações, dificultar diagnósticos, uma vez que a
ausência de sangramento, em pessoas que não estão se medicando, é
indicativo de que algo não vai bem por conta do estresse, da presença de
tumores e da ocorrência da Síndrome de Ovários Policísticos, entre
outras alterações.
“Por outro lado, os sintomas de determinadas doenças aparecem quando
menstruamos. Quando isso não é recorrente, aumentam as chances de
descobrir enfermidades”, complementa.
Alimentação e outros cuidados
Como não há unanimidade sobre esse tema, pedimos aos dois especialistas
que indicassem algumas soluções práticas para que você possa amenizar
os efeitos da menstruação, independentemente da sua decisão.
O cuidado redobrado com a alimentação é essencial. Diminuir a cafeína, o
álcool e o sal, aumentando a ingestão de linhaça, de ômega 3 e de soja,
por exemplo, reduz a ansiedade. Você também pode de preparar um suco antiTPM fácil de fazer.
Já o gergelim, o óleo de prímula e os suplementos de vitamina B, D e E
ajudam a reduzir o inchaço do corpo, enquanto peixes, frutas e
hortaliças e leite e derivados reduzem as dores das cólicas. E não se esqueça: praticar exercícios físicos com regularidade ajuda controlar os impulsos, aumentam o bem-estar e fortalecem a sua saúde.