Isaac Bezerra da Silva, 64 anos, tem uma barba branca e natural;
alcoólatra declarado, o andarilho pede esmolas e confessa que perdeu
mulher e filhos por conta do vício
Nesta
semana a cidade de Patos, no Alto Sertão da Paraíba (a 294 quilômetros
de João Pessoa), registrou a chegada de um Papai Noel diferente. Magro,
sem a risada característica e desdentado, o 'Papai Noel' sentado na
calçada de uma rua da cidade não desperta o interesse das crianças;
pouco chama a atenção de adultos.
Isaac Bezerra da Silva, 64
anos, tem uma barba branca e natural. Alcoólatra declarado, o andarilho
pede esmolas e confessa que perdeu mulher e filhos por conta do vício.
Mesmo assim, não demonstra nostalgia ou arrependimentos.
Em
Patos, ele já desceu do ônibus vestido de Papai Noel, composto por uma
camisa vermelha de mangas longas (mesmo debaixo de um calor que passa
dos 35 graus centígrados) e não deixa de lado o gorro da mesma cor.
O
andarilho tem uma aparência bem mais velha do que a idade que diz ter.
Usa dois anéis na mão direita. Tem outro na mão esquerda e ostenta uma
pulseira. Garante que são ornamentos de ouro. Não se incomoda de dormir
na rua, mesmo exibindo no corpo as picadas dos insetos que lhe fazem
companhia à noite.
Ele diz que vive de favores e o dinheiro que
arrecada como pedinte serve para custear suas andanças. Andarilho, ele
garante que já andou por 25 estados brasileiros, percorreu quase toda a
fronteira do Uruguai e, antes de chegar a Patos, sua última parada havia
sido a cidade de Erechim (RS).
Nessa cidade ele foi abordado por
funcionários da Secretaria de Assistência Social que o conduziram para
um albergue, deram banho, roupas e verificaram sinais vitais. Depois os
funcionários o reencaminharam para o Terminal Rodoviário da cidade, o
colocaram dentro de um ônibus com todas as despesas pagas para sua
cidade natal (Bezerros, em Pernambuco).
Dono de suas vontades,
Isaac desviou o caminho e foi parar em Patos, no interior paraibano. Já
planeja ir para outra cidade e não quer abandonar a roupa de Papai Noel.
“Vou para onde o dinheiro der. Vivo de favores e assim sigo meus dias”,
avisa o andarilho.
Por Jean Ganso,com Portal Correio