Josenildo
Correia da Silva tentava chegar ao topo do Aconcágua, na Argentina, com
grupo de brasileiros. Na foto, de 2005, ele mostra bandeira na montanha. Josenildo Correia da Silva tentava
chegar ao topo do Aconcágua, na Argentina, com grupo de brasileiros. Na
foto, de 2005, ele mostra bandeira na montanha Arquivo pessoal /
Reprodução de internet
SÃO PAULO – Um brasileiro que
tentava escalar o monte Aconcágua, na Argentina, está desaparecido, de
acordo com o consulado brasileiro em Mendoza. Josenildo Correia da
Silva, de 48 anos, não é visto desde a última quarta-feira, segundo
informações dadas por autoridades argentinas ao Itamaraty. Equipes de
resgate da Argentina relataram dificuldades para realizar as buscas,
devido ao mau tempo na região, onde está chovendo e ventando muito.
Josenildo participava de uma
expedição com outros quatro brasileiros para tentar atingir o cume do
monte. Como os outros brasileiros desistiram de completar o percurso,
Josenildo seguiu sozinho para o topo. O Aconcágua, que tem 6.972 metros
de altitude, é a montanha mais alta das Américas.
Segundo Paulo Cesar Bussamara, um
paulista que integrava o grupo de Josenildo, os brasileiros foram
desistindo aos poucos da aventura, devido ao frio extremo, cansaço e às
péssimas condições climáticas, que chegaram a carregar a barraca e saco
de dormir de um deles.
O último brasileiro do grupo a ver
Josenildo foi o paulista Ademir Silva, de 43 anos. No dia 4 de março,
Ademir e Josenildo saíram do acampamento chamado “Berlim”, que fica a
5930 metros de altitude. Porém, depois de dez horas caminhando, Ademir
desistiu e resolveu voltar, devido ao frio. Segundo Bussamara, na parte
baixa da montanha a temperatura à noite chagava a 17 graus negativos e
em outras trechos poderia atingir 30 graus negativos.
— Depois disso, o Josenildo seguiu
sozinho. Após dez horas sem notícias dele, acionamos a patrulha de
resgate do Aconcágua. Soubemos que outros alpinistas estrangeiros ainda o
viram descendo do cume depois disso, mas até agora ele não foi
encontrado — disse Bussamara.
Segundo Bussamara, na última vez que o grupo viu Josenildo, ele parecia estar bem de saúde.
Ademir e outro paulista que
integrava a expedição, Alberto Heldt, prestaram depoimento às
autoridades argentinas e chegam ao Brasil no fim da tarde deste domingo.
Esta é a terceira vez que Josenildo,
paraibano da cidade de Guarabira, tenta chegar ao topo do Aconcágua.
Nas outras duas vezes ele não teve sucesso. Em 2004, ele chegou a ficar
com os dedos congelados ao tentar alcançar o cume do Aconcágua e teve
que ser resgatado por um helicóptero. O paraibano começou a praticar o
esporte há oito anos e há dois anos também tentou atingir o topo do
Elbrus, monte na Rússia.
— Ele disse que ia tentar o cume,
mas disse que sabia o limite do corpo dele. O sonho dele era atingir o
Aconcágua. Ele só estava com comida para um dia. E está desaparecido há
muitos dias. Eu tenho esperança, mas ao mesmo tempo estou angustiada por
não saber o que aconteceu — conta a mulher de Josenildo, Alessandra
Pereira.
Josenildo, que é gerente de uma
distribuidora de bebidas em Guarabira, conheceu os outros brasileiros
que foram com ele para o Aconcágua — três paulistas e um mineiro — pela
internet. Ele esperava estar de volta ao Brasil no dia 8 de março.
Bussamara quer que as autoridades argentinas se empenhem mais no resgate.
— Eles dizem que está difícil fazer
as buscas, mesmo com o helicóptero. Temo que não consigam achar o
Josenildo. A partir do dia 20 de março o parque do Aconcágua fica
fechado para visitação e as buscas devem se encerrar — afirmou
Bussamara.
O Itamaraty informou que o consulado
brasileiro em Mendoza está dando todo auxílio necessário aos
brasileiros e que acompanha o trabalho de resgate junto às autoridades
argentinas.