
Os bombeiros chegaram ao local 35 minutos depois do início do
incêndio, às 23h55m. A corporação teve muitas dificuldades de controlar
as chamas. O apartamento 401 já estava tomado pelo fogo. O comandante do
Batalhão de Copacabana, Alex Vander, disse que ainda estava “apurando
as causas” de uma possível falha operacional. Moradores contaram que
quando os bombeiros chegaram, o imóvel já estava completamente destruído
pelo fogo. A perícia fará uma análise das condições estruturais do
prédio nesta segunda-feira, mas os moradores não precisaram sair de suas
casas.
De acordo com informações do porteiro Antônio Lima, os hidrantes da
rua estavam sem água e os bombeiros tiveram que retirar a água do prédio
Van Gogh, onde ele trabalha, vizinho ao Tanger. Morador do apartamento
402, vizinho do imóvel destruído, Henrique Grech contou que tentou
arrombar a porta para resgatar Areosa e a mulher, mas não conseguiu. O
casal morava há quatro anos no apartamento, que passara recentemente por
uma ampla reforma.
— Quando vi que não ia conseguir abrir aquela porta de jeito nenhum,
resolvi descer com meus pais. Foram cenas de terror — disse Grech.
José Baranek, morador do segundo andar, de 80 anos, contou que não
foi possível abrir as portas da frente e dos fundos porque eram
blindadas.
— Chegamos a pegar algumas ferramentas, mas não conseguimos abrir —
disse. — As pessoas demoraram a saber o que estava acontecendo. Vi o
reflexo do fogo na janela da sinagoga, que fica em frente ao prédio. É
lamentável. O Ricardo era uma pessoa afável.
Morador do apartamento 103, o empresário Luiz Augusto Berlink estava revoltado com a situação:
— Pagamos o IPTU mais caro do Rio e não tem sequer nenhum hidrante
com água na rua. Amanhã e depois vão morrer mais gente e ninguém se
importa. É um absurdo. Vamos entrar com uma ação na Justiça contra o
governo do estado.
Um morador da rua, que preferiu não se identificar, disse que a
demora dos bombeiros fez com que o fogo apagasse sozinho depois de
consumir todo o apartamento.
— Foi um drama, o hidrante que ficava bem em frente ao prédio, não funcionou — confirmou.
O corpo do desembargador foi levado para o IML por volta das 3h. Os
peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) farão a
perícia nesta segunda-feira. As causas do incêndio ainda não foram
esclarecidas. As investigações estão sendo feitas pela 14ª DP (Leblon). A
delegada adjunta, Flávia Monteiro de Barros, descartou a hipótese de
vingança. Segundo o filho do desembargador, Caio, o pai não tinha
inimigos.
Formado em direito em 1987 pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), Ricardo Areosa mantinha um blog na internet. Em sua
página no Facebook, escreveu: “Sou amigo dos amigos e gosto de fazer
novos amigos. Aprecio praia, malhação e dividir a mesa com quem eu gosto
e admiro. Sou
Fluminense até o dia 05.10.2015”.
Por Jean Ganso, Com Focando a Noticia