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A seca prolongada ameaça o abastecimento de água para consumo humano em dezenas de municípios do interior da Paraíba. Pelo menos 18 deles estão sob o risco de um colapso total no abastecimento e já enfrentam a falta intermitente da água fornecida pela Cagepa (Companhia Estadual de Água e Esgoto da Paraíba).

Em Triunfo (no Alto Sertão paraibano, a 590 quilômetros de João Pessoa), o único manancial que abastecia a cidade secou completamente. Carros pipas da Defesa Civil estão socorrendo a população da zona urbana.

Triunfo tem uma população estimada em 9.233 habitantes. Sua área territorial é de 222,9 quilômetros quadrados. Está localizado numa região montanhosa, a 310 metros acima do nível do mar. Cerca de 53,25% de sua população reside na zona rural. Sua economia baseada na agricultura e pecuária de subsistência, contando com um comércio incipiente. O município está incluído na área geográfica de abrangência do semiárido brasileiro, definida pelo Ministério da Integração Nacional em 2005.
A situação vem provocando protestos de moradores, com interdição das rodovias para chamar atenção das autoridades.

Na segunda (29), um protesto de moradores interditou a rodovia PB-361 por três. O tráfego ficou parado nos trechos entre as cidades de Diamante e Itaporanga, na região do Vale do Piancó paraibano. A Cagepa (Companhia de Água e Esgoto da Paraíba), para aliviar a situação, permitiu a abertura das comportas dos mananciais de Condado, Couro da Vaca e Piranhas, em caráter de urgência.

O quadro se agrava sem a perspectiva de chuvas. Na região do Cariri, também já falta água cidades de Alcantil, Santa Cecília de Umbuzeiro, Riacho de Santo Antônio, Barra de São Miguel e Umbuzeiro.

Na terça-feira (23) foi iniciado o racionamento de água nas cidades de Esperança, Remígio, distritos de Lagoa do Mato, Cepilho e São Miguel. Estas localidades são atendidas pelo manancial Vaca Brava. Falta água dias vezes por semana, sempre nas segundas e terças-feiras.

Também sofrem racionamento o distrito Rua Nova (no município de Belém), as cidades de Caiçara e Logradouro. Todos na região do Curimataú da Paraíba, a pouco mais de 80 quilômetros da capital. São localidades atendidas pelo manancial de Lagoa do Matias. Tem abastecimento de água interrompido nas terças, e normalizado às 7h, das sextas.

Em duas comunidades rurais – Cachoeirinha e Braga (em Campo de Santana, na região do Cariri) – a água só chega às torneiras uma vez por semana, na quarta-feira.

No dia 27, a Cagepa deu início ao racionamento nas cidades de Bananeiras, Solânea, Cacimba de Dentro. Atendidas pelo manancial Canafístula II, elas ficarão sem água nos finais de semana. Falta água a partir das 18h do sábado e volta na segunda, às 18h.

A Cagepa responde pelo abastecimento de água, apenas, das zonas urbanas. Não há previsão para que essas cidades saiam do sistema de racionamento.

Na cidade de Cabaceiras (localizado na microrregião do Cariri Oriental,a 180 km de João Pessoa) falta água há um mês.  O município, que ficou famoso no país por servir de cenário para o filme o ‘Auto da Compadecida’ fica a cerca de 300 metros acima do nível do mar, na área mais baixa do Planalto da Borborema. Tem um população estimada em 5.035 habitantes, segundo censo do IBGE em 2010. Deste total, 2.217 habitantes estão na zona urbana e 2.818 na zona rural.

A população urbana de Cabaceiras vinha recebendo água dos poços perfurados no leito do rio Paraíba, que margeia a cidade. A estiagem também provocou o colapso desse sistema emergencial de abastecimento. Este ano, a chuva acumulada no município foi de apenas 170 milímetros, o que já representa uma redução de 27,4% em relação a todo acumulado no ano passado.

 Pároco em Pedra Branca (município do Alto Sertão), o padre Djacy Brasileiro vem fazendo constantes alertas sobre os prejuízos causados pela estiagem. Ainda não choveu este ano em pedra Branca, segundo os registros da Agência Executiva Estadual das Águas (Aesa).

Defensor da transposição do São Francisco, o padre Djacy se prepara para acampar em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília (DF), para chamar a atenção da presidente Dilma Rousseff.
“Ninguém fala mais na transposição. O que está acontecendo?”, questionou. 

Ele promete levar uma cruz de lata para o Planalto, repetindo um gesto que fez no final da década de 90. Em seu microblog no Twitter, o padre faz um relato dramático da seca na região do município que atua. “Para conversar com os sertanejos da roça,é preciso muita coragem.Eles falam chorando,com voz embargada.Dói no coração”, relatou em uma de suas mensagens que vem quase sempre acompanhadas de registros fotográficos da situação.

O sertanejo e o caririzeiro acreditam que a situação seja amenizada com a chegada das águas da transposição do São Francisco. No entanto, as obras se encontram paradas em dois trechos dos eixos que desembocam no interior paraibano.

Presidente da Frente Parlamentar da Seca na Assembleia Legislativa da Paraíba, o deputado Francisco de Assis Quintans (DEM), afirma que o nordestino está desapontado com o governo Dilma, por conta dessas paralisações na transposição.

Na Paraíba, das 183 cidades mais afetadas pela estiagem, apenas 32 assinaram um termo de adesão ao Programa Garantia Safra, na semana pasada. Os recursos para este programa no estado ultrapassam os R$ 50 milhões.A primeira parcela liberada foi de R$ 6 milhões.

Para ele, se não houver inverno no próximo ano o sertão paraibano vai virar deserto.E acrescenta: “Andando pela zona rural do sertão paraibano,a paisagem é de desolação total. Até os passarinhos voam em busca de água e comida”.

Na zona rural de Mãe d’Água (no Sertão, a 283 quilômetros da Capital) as queixas são contra a gestão municipal. O prefeito Pericles Viana de Oliveira Júnior, mesmo com a falta de água na zona rural, decidiu pelo fechamento de um poço artesiano na localidade Pedraria.

A alegação do prefeito foi de que o poço consumia energia elétrica demais. Os moradores queixam-se de que era a única fonte de água para abastecer uma escola municipal da localidade. este ano, o acumulado de chuvas em Mã d’Água chegou a 129,5 milímetros, muito abaixo de 2011, quando acumulou 705,6 milímetros.

O padre Djacy Brasileiro escreveu carta aberta para Luiz Inácio Lula da Silva, onde ele pedice que o ex-presidente interceda em Brasília pela conclusão das obras de transposição do Rio São Francisco. “Diga a presidente da República o seguinte: Dilma, os sertanejos precisam urgentemente de água. Eles querem a transposição de águas do rio São Francisco. É questão de vida ou morte”, recomenda o pároco de Pedra Branca.

 Por Jean Ganso, Com NoticiaPb
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