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Delegado Glauber Fontes informou que esquema comandado pelo trio fraudava documentos de comprovação de horas trabalhadas para que elas tivessem suas penas reduzidas em Campina Grande, na Paraíba (Foto: Diogo Almeida / G1)
Duas diretoras do Presídio Regional Feminino da penitenciária Raymundo Asfora, em Campina Grande, são suspeitas de aliciar detentas para que contratassem os serviços de um advogado específico para ter acesso à ala em que poderiam trabalhar. Segundo o delegado Glauber Fontes, o esquema comandado pelo trio fraudava documentos de comprovação de horas trabalhadas para que elas tivessem suas penas reduzidas. Pelo menos seis detentas já teriam sido beneficiadas.


Os três, diretoras e o advogado, estão entre os sete presos na manhã desta quinta-feira (23) em uma operação da Polícia Civil nas cidades de João Pessoa e Campina Grande. Além deles, quatro presidiárias que estavam no regime semiaberto retornaram para o fechado a partir da operação e duas que já estão no regime fechado vão responder por novos crimes. O advogado preso era responsável pela defesa de quatro das seis detentas envolvidas na fraude.

As investigações tiveram início há cerca de três meses, quando uma denúncia anônima indicou a existência do esquema. Segundo o delegado regional de Campina Grande, Marcos Paulo Vilela, além das prisões, foram apreendidos um computador que era usado na diretoria do presídio e livros de registro de atividades das presidiárias.

Esquema adulterava documentos

Segundo o delegado Glauber Fontes, da Polícia Civil de Campina Grande, a fraude consistia em mover as detentas de um setor do presídio para outro, para que elas pudessem trabalhar em troca de redução de pena. "Após a transferência, o registro de horas trabalhadas era adulterado para que as detentas tivessem mais tempo de trabalho do que o que efetivamente foi cumprido,” explicou Glauber.

O esquema tinha como objetivo beneficiar as presidiárias da unidade com a possibilidade de redução da pena e até mesmo facilitar a progressão de pena do regime fechado para o semiaberto. “Ainda estamos investigando quais benefícios eram concedidos para as diretoras e para o advogado”, disse Glauber. De acordo com os delegados que participaram da operação, há indícios de que o esquema fraudulento exista desde 2012.

A Polícia Civil continuará investigando o caso diante da possibilidade de existir mais presas beneficiadas além da seis identificadas pela operação. O delegado Marcos Paulo Vilela explicou também que não descarta novas prisões.
A diretora Alinne Cristine Cardoso da Silva, a vice diretora Silnara Araújo Galdino e o advogado Ramon Dantas Cavalcante tiveram as prisões provisórias decretadas e podem permanecer reclusos na Central de Polícia de Campina Grande por até cinco dias. "Eles ficarão à disposição da polícia para que a investigação do caso seja feita. Caso seja necessário, pode haver uma redução ou prorrogação no tempo da detenção," completou Marcos Paulo.
Registro de horas era adulterado para que as detentas tivessem mais tempo de trabalho em Campina Grande, na Paraíba (Foto: Diogo Almeida / G1)
Diretora-adjunta e advogado negam acusações

De acordo com o advogado Moisés Morais, que representa Silnara Araújo Galdino, ela não tinha conhecimento da fraude e apenas seguia as ordens da diretora. "Por ser uma subordinada, não pode fazer nada sem o conhecimento da direção, por isso mesmo ela não poderia ter emitido nenhum documento pelo qual está sendo acusada de ter feito," disse Moisés Morais.

Já Félix Araújo Neto, representante de Ramon Dantas Cavalcante, explicou que seu cliente não teria envolvimento no caso e que solicitava a redução da pena das detentas sem o conhecimento da fraude na quantidade de horas trabalhadas. "Ele atuou meramente na condição de advogado e alega categoricamente que não participa de qualquer tipo de procedimento ilícito", afirmou Félix.

G1
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