Um traficante de drogas procurou o Grupo de Operações Especiais (GOE)
para denunciar que vinha sendo extorquido por policiais há meses. Essa
denúncia deu início a uma investigação que descobriu um esquema de
propina em que traficantes eram fichados como usuário de drogas e
liberados após pagar a policiais corruptos. Quem não aceitasse pagar era
ameaçado de prisão e até de morte. Essas informações foram divulgadas
nesta terça-feira (19) pela Secretaria de Segurança do Estado.
Após quatro meses de investigação, o GOE realizou nesta terça-feira (19) a Operação Concutere e cumpriu seis mandados de busca e apreensão. Seis policiais civis da Delegacia de Roubos e Furtos de João Pessoa estão sendo investigados, entre eles um delegado.
O secretário de Segurança da Paraíba, Cláudio Lima, afirmou que a
propina podia chegar até R$ 30 mil. Segundo ele, quando um traficante
era flagrado pela polícia com uma quantia de droga suficiente para ser
enquadrado no crime de tráfico de entorpecentes, era coagido a pagar a
propina para ser classificado como usuário de drogas.
Desta forma, ao invés da polícia autuar os traficantes em flagrante,
que responderiam a uma pena de até 15 anos, eles assinavam apenas uma
Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e eram liberados em seguida.
A mãe de um traficante, quando estava sendo coagida a pagar propina
para um policial, gravou parte do diálogo no aparelho celular. Na
gravação, a mulher pede para que o policial pare de fazer cobrança. “Com
aquela parte que eu lhe dei, faz R$ 8 mil. Pelo amor de Deus não faça
isso, não. É desumano”, disse.
De acordo com as investigações, um dos suspeitos já foi denunciado
criminalmente no Rio Grande do Norte, sob a acusação de vários crimes,
dentre eles roubo qualificado e formação de quadrilha armada. Outros
dois policiais já chegaram a ser presos pela Polícia Federal durante a
Operação Squadre, que combateu crime de milícia na Paraíba. Concutere,
significa o ato sacudir a árvore para que os frutos caiam.
Um delegado, quatro agentes de investigação e um motorista policial da
Delegacia de Roubos e Furtos estão sendo investigados. Segundo o
secretário Cláudio Lima, 11 policiais trabalham na Delegacia de Roubo e
Furto e todos serão substituídos.
O inquérito da gerência executiva do GOE pediu a prisão preventiva dos
policias, mas as prisões não foram decretadas pelo juiz da 4ª Vara da
Comarca de João Pessoa.
O Ministério Público ofereceu denúncia contra os policias e recorreu da
decisão do juiz. O MP aguarda a posição do Tribunal de Justiça da
Paraíba sobre a prisão preventiva dos suspeitos.
Por Jean Ganso,Com G1 PB
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