Com a Lei Seca mais rígida, jovens buscam alternativas irresponsáveis
para “enganar” o bafômetro sem se preocuparem com os riscos à saúde.
Uma delas é o uso de um remédio tarja vermelha — o que indica ausência
de risco de morte — chamado metadoxil. Apesar de ser controlado, seis
farmácias na região da zona oeste de São Paulo estavam vendendo-o sem
receita médica.
O balconista de uma drogaria no bairro de Perdizes foi enfático:
— Para esse medicamento? Não precisa.
O
metadoxil está com o estoque baixo — em quatro farmácias o medicamento
não foi encontrado. A atendente de uma grande rede de drogarias afirmou:
— Estamos vendendo bastante e só tenho uma caixa. Vai levar?
Bebidas alcoólicas prejudicam ciclo do sono
Bebidas alcoólicas prejudicam ciclo do sono
A
denúncia do uso inadequado da droga pode ser vista em um vídeo postado
no YouTube pelo grupo de humor alternativo La Fênix. Apesar de não
sabermos se a cena é real, três jovens bebem vodca e um deles,
exatamente o que tomou o metadoxil, consegue driblar o bafômetro.
Mistura de álcool e energético pode causar problemas cardíacos
Indicado
para o tratamento de alcoolismo e alterações hepáticas, o remédio,
segundo a bula, acelera o metabolismo do álcool, o que na cabeça dos
jovens deveria mascarar o nível da substância no sangue. Mas, a
hepatologista dra. Edna Strauss, da Sociedade Brasileira de Hepatologia
(SBH), alerta para os perigos.
— Isso é uma loucura e as pessoas
estão sendo enganadas. O medicamento é eficaz no tratamento de quadros
clínicos específicos e não para deixar o motorista sóbrio.
Jovens que recorrem a álcool e drogas falham na hora H
A
médica acrescenta que, “por ser uma droga relativamente nova, seus
efeitos em longo prazo ainda são desconhecidos”. Mas, ela cita
taquicardia, sensação de mal-estar e até convulsão como possíveis
consequências da administração do comprimido sem orientação médica.
Indignado,
o psiquiatra dr. Ronaldo Laranjeiras, professor titular da Unifesp
(Universidade Federal de São Paulo) e coordenador do Instituto Nacional
de Políticas de Álcool e Drogas, critica quem acredita nessa “promessa”.
—
É muita ingenuidade acreditar que um remédio possa anular o efeito do
álcool. Isso é perigoso. Há poucas evidências científicas a favor do
metadoxil que, aliás, nem é aprovado pelo FDA.
Em nota, o
laboratório Baldacci S.A., que comercializa o remédio, desaconselha a
automedicação e ressalta que “o uso do metadoxil não protege o motorista
que ingeriu bebida alcoólica da condição de infrator e também não
impede a detecção do uso de álcool pelo bafômetro”.
Por Jean Ganso,com Portal Correio