Animal não resistiu aos ferimentos e morreu
Gente e bicho de vez em quando invertem seus papéis,
ou seja, o homem age como fera irracional e o animal assume
características humanas. Foi o que aconteceu durante o Carnaval na
cidade de Nova Olinda, localizada no sertão paraibano.
Ferida por uma facada profunda que lhe deixou as vísceras de fora,
uma jumenta ainda percorreu centenas de metros até o destacamento da
Polícia Militar, onde faleceu ante o desespero de um filhote. A cria não
abandonou a mãe ferida, que recebia cheiros como afagos de adeus, e só
deixou o local quando o corpo foi retirado do centro da cidade e levado a
uma área rural.
Mas a morte não ficou impune, comovidos com a brutalidade,
os policiais resolveram agir assim que constataram que se tratava de um
crime contra o animal. Motivados também pela comoção e revolta popular, o
cabo Genário, comandante do destacamento local, junto com outro
policial, o cabo Chagas, ambos na foto ao lado, iniciou um trabalho de investigação para saber quem teria esfaqueado o bicho.
Não faltaram testemunhas e todas apontavam para um único
suspeito, visto na véspera na companhia dos dois animais dentro do pátio
da sede da Prefeitura.
O acusado é um menor de 17 anos, que já é conhecido da polícia por atos
delinquentes, inclusive, segundo o cabo, chegou até a ser apreendido
por ameaçar o pai com uma faca.
Apreendido em sua residência, onde vive maritalmente com uma mulher, a
princípio ele negou o crime, mas depois resolveu entregar a faca
utilizada contra o animal por pura maldade. A detenção aconteceu na
noite da última segunda-feira (11).
O menor, que passou toda a noite na delegacia, foi acompanhado pelo Conselho Tutelar, que encaminhará um relatório do caso à Promotoria da Infância e Juventude. A PM também enviou relato da ocorrência ao delegado plantonista.
Embora o menor tenha sido liberado na manhã da terça-feira, 12, o
esclarecimento do fato e a apreensão do autor do delito deixaram a
população grata à PM por não deixar um crime contra as leis ambientais
sem resposta.
“Por onde a gente passa, as pessoas nos cumprimentam e agradecem”, comentou o cabo Genário.
"O que mais me chamou a atenção foi esse animal, que, por causa da
gravidade do ferimento, poderia ter ido se refugiar no mato ou morrido
no próprio local, mas ainda teve força para caminhar até em frente ao
prédio da polícia, como se, instintivamente, clamasse por Justiça”,
acrescentou.
Da Redação (com Folha do Vale)
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