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A prefeita de Natal, Micarla de Sousa foi afastada do seu cargo desde o dia 30 de outubro por decisão da Justiça. O pedido foi apresentado pelo Ministério Público Estadual (MPE) como alternativa à sua prisão preventiva, por haver fortes indícios de que a gestora estaria envolvida no esquema de corrupção no sistema de Saúde do Município, desvendado na Operação Assepsia…

O desembargador Amaury Moura quebrou o sigilo  da Ação Cautelar acatando parcialmente o pedido do MPE e com isso revelou detalhes da petição e do pedido de afastamento.

Segundo a denúncia do MPE, que teve parte de seu conteúdo revelado após a quebra de sigilo, além do esquema identificado na Operação Assepsia também havia um ambiente de práticas ilícitas em várias outras secretarias municipais, e que despesas pessoais da prefeita e do seu marido, o jornalista Miguel Weber eram custeadas pelo secretário de Planejamento, Antônio Luna e pelo coordenador financeiro da secretaria municipal de Saúde (SMS), Francisco de Assis Rocha Viana com dinheiro público.

A decisão do desembargador reforça os argumentos apresentados pelo Ministério Público de que realmente havia um esquema de desvio de verba pública e corrupção envolvendo a secretaria municipal de Saúde (SM), com a ciência da prefeita.“O deferimento da suspensão do exercício da função pública da investiga Micarla Araújo de Souza Weber, é fator de fundamental importância que a sociedade seja informada acerca desses fatos, bem como que tome conhecimento de todos os envolvidos, a teor do disposto no artigo 5º, inciso XIV, da Constituição Federal, ainda mais quando presentes fortes indícios de crimes contra o patrimônio público, envolvendo, como dito alhures, agentes públicos que, diante de sua atuação delituosa, desprezaram a confiança neles depositada pela coletividade”, informa a decisão de Amaury Moura.

A peça judicial elaborada pelo MPE, aponta também que todos os indícios foram constatados a partir da análise dos documentos apreendidos nas residências de Antônio Luna e Francisco Viana, e também na sala de Francisco de Assis na SMS, aliados aos diversos diálogos captados por ocasião da interceptação telefônica.

Ficaram comprovadas que as movimentações bancárias da Prefeita, seus cartões de crédito, os contatos com os gerentes e funcionários dos bancos, a utilização de contas laranjas e a burla aos sistemas de controle dos bancos. Os serviços pagos com dinheiro público iam de compras de supermercado, aquisição de joias, pagamento da escola dos filhos, viagens com amigos e até serviços de fotógrafo.

As planilhas contidas na denúncia do MPE revelam que a Micarla de Sousa possui elevados gastos mensais e nos meses identificados as suas despesas pessoais alcançaram os valores de R$136.116, R$186.977, 14 e R$ 187.989,13.Outros gastos pessoais e pagamentos de funcionários também foram identificados nos documentos apreendidos, no montante aproximado de R$ 24.000,00.

Pelos valores analisados a prefeita usufruía de um padrão de vida totalmente incompatível com os seus rendimentos declarados junto à Receita Federal .

Confira a denúncia do MPE na íntegra:
DESVIO DE DINHEIRO NA COMPRA DE MERENDA E FARDAMENTO DAS ESCOLAS:Além do desvio de dinheiro público na Saúde, a denúncia do MPE também revelou a participação da Prefeita de Natal no desvio de percentual de 10% no contrato de R$ 801.705,00 para a compra de fadamento e merenda para as escolas do Município. Sendo então destinado à Micarla de Sousa o valor de R$ 80.170,50 e 5% supostamente para o seu marido Miguel Weber, o equivalente a R$ 40.085,25. No documento manuscrito relativo às propinas apontadas, Antônio Luna, considerado pelo MPE “tesoureiro pessoal de Micarla”, mencionava  as iniciais “M” e “W”, segundo o MPE, Micarla e Weber.

CONTRATOS COM AS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS E OPERAÇÃO ASSEPSIA: A respeito das contratações da Prefeitura de Natal feitas pela SMS, com as Organizações Socais (OS),  Antônio Luna seguia à frente das negociações, a mando da Prefeita. Em um diálogo, mantido com o esposo de Miguel Weber, pessoa alheia à Administração Pública, ficou perceptível que ele toma a frente dos “negócios” com vistas a blindar a prefeita. Contudo é ela quem decide, posto que Luna  atende a seu comando, do que se pode concluir da afirmação “estou no aguardo da definição da Prefeita”.

Segundo o MPE,  o que aconteceu foi um verdadeiro “jogo de cartas marcadas”, no qual as respectivas entidades contratadas pelo Município, com a total ciência da Prefeita  foram antecipadamente escolhidas a dedo pelo ex-secretário de Saúde Thiago Trindade e pelo procurador do Município  Alexandre Magno Alves de Souza , convocado estrategicamente para compor o grupo criminoso que estaria se formando na SMS.

Foram eles que atuaram na contratação do Instituto Pernambucano de Assistência e Saúde (IPAS), para administração da UPA do Bairro de Pajuçara, antes mesmo da qualificação da entidade como OS. E por fim, veio a contratação da Associação Marca para administrar a preços estratosféricos os Ambulatórios Médicos Especializados  (AMEs) e a UPA do Pajuçara, esta última em substituição ao IPAS, cujo modo de seleção seguiu igualmente acertos prévios estabelecidos por Thiago e Alexandre.
Os documentos colhidos e expostos na denúncia do MPE, evidenciam o poder de comando de Micarla e de sua total ciência acerca do “contrato” espúrio mantido entre a Associação Marca e a SMS. O montante direcionado para custeio dessas contratações fraudulentas e superfaturado chegou à cifra de R$ 65 milhões.

JUSTIÇA JULGA RECURSO DE MICARLA: O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN) começou  a julgar na manhã desta terça (7), o recurso interposto pela prefeita afastada, Micarla de Sousa. Nele, a gestora tenta reverter a decisão que a retirou do comando da cidade, alegando que não teve direito de se defender. O relator do processo, desembargador Amaury Moura, responsável pelo afastamento vai expor os motivos da sua decisão, e logo em seguida, o advogado da gestora, Paulo Lopo Saraiva, fará suas considerações.


Por Jean Ganso, Com Focando a Noticia
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