Algumas
regiões do país estão sob ameaça de ficar sem combustível no fim deste
ano. Segundo avaliação de técnicos do Ministério de Minas e Energia,
Agência Nacional do Petróleo, Petrobras e representantes das
distribuidoras e dos produtores de etanol, as regiões mais ameaçadas são
o Norte, o Centro-Oeste, além de Minas e Rio Grande do Sul e Estados do
Nordeste, principalmente a Paraíba, seus vizinhos Rio Grande do Norte e
Ceará, e o Maranhão.
A perspectiva de colapso se deve a três
fatores: 1) o consumo recorde de gasolina, que, em 2012, pela primeira
vez passará de 30 bilhões de litros; 2) a falta de capacidade interna de
produção; e 3) problemas de infraestrutura de armazenagem e
distribuição.
A importação torna a distribuição mais
complexa. O transporte da gasolina por navios, já sujeito a intempéries,
sofre com a falta de infraestrutura dos portos, hoje sem espaço para
atracação e armazenamentos.
De acordo com o grupo, além da Paraíba,
os Estados do Pará, Amapá, Maranhão, Ceará e Rio Grande do Norte são os
mais vulneráveis. Quase todo o combustível que abastece os consumidores
desses locais chega pelo mar.
Em outubro, o Amapá ficou sem gasolina. O
Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos do Pará relata que houve, também,
problemas de abastecimento em Belém, além de cidades do Amazonas e do
Piauí.
“A coisa está bem torta aqui”, diz Eurico Santos, presidente da entidade.
Para o sindicato, o número de
caminhões-tanque não deu conta do aumento rápido do consumo. Além disso,
os terminais que recebem combustível reduziram investimentos em
ampliação porque estão com contratos provisórios, o que dificulta o
acesso ao crédito.
Ação – Para evitar o desabastecimento,
ou atenuá-lo, o governo federal já começou a traçar um plano de
emergência, que envolve a ampliação da capacidade de transporte e de
armazenamento.
“Há uma grande preocupação com o curto
prazo. O governo já sabe que será preciso um forte ajuste entre
Petrobras e distribuidoras para que não ocorram problemas no fim do
ano”, diz Antônio de Pádua Rodrigues, presidente da Unica (União da
Indústria de Cana-de-Açúcar), que participa das reuniões.
Produção – A Petrobras se empenha para
produzir mais gasolina e amenizar o problema. Na apresentação dos
resultados do terceiro trimestre, afirmou que suas refinarias já
atingiram 98% da capacidade.
Em algumas regiões, no entanto, já há um esgotamento da capacidade de produção.
É o caso da Regap, refinaria em Betim
(MG). Para abastecer os postos de parte de Minas Gerais e do
Centro-Oeste, ela passou a redistribuir combustível de outras unidades.
Atrasos e a falta de caminhões podem levar a interrupções da
distribuição.
O mesmo acontece no Rio Grande do Sul,
outro Estado que teve crise de abastecimento no mês passado. A refinaria
Refap, em Canoas, está com problemas de produção para atender à
gasolina demandada. Com isso, passou a buscar combustível no Paraná e
parte precisou ser importada, entrando no país via porto do Rio Grande.
Para acompanhar a alta da necessidade
interna, a Petrobras vem importando cada vez mais gasolina. Até
setembro, foram 2,4 bilhões de litros, quase o triplo do registrado no
mesmo período de 2011, segundo cálculos do Centro Brasileiro de
Infraestrutura.
O Sindicom (Sindicato dos Distribuidores
de Combustíveis), que tem assento nas reuniões com o governo federal,
informou que o plano de contingência deverá ampliar o número de
caminhões e a capacidade dos tanques de armazenagem.
Os encontros entre governo e o setor
serão permanentes até o fim do ano. “Estamos nos empenhando para evitar
os problemas”, disse Alísio Vaz, presidente do Sindicom.