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A violência contra as mulheres nos países da América Latina, enraizada no sexismo e na discriminação estrutural, aumenta pelo contexto de violência armada que vive a região, a qual, por sua vez, está diretamente relacionada com o narcotráfico, segundo um pronunciamento da Articulação Regional Feminista pelos Direitos Humanos e a Justiça de Gênero.

De acordo com a informação, no quadro da VI Cúpula das Américas, a revisão das atuais políticas antidrogas deve ser uma prioridade para reduzir a violência contra as mulheres na região.

Segundo o documento, o narcotráfico tem sido a causa do surgimento e fortalecimento de diferentes dispositivos criminais que encontram na luta armada a maneira de defender seus interesses comerciais, passando por cima dos direitos humanos da população e enfraquecendo transversalmente os Estados e suas instituições.

As políticas antidrogas desenvolvidas pelos Estados não pararam o narcotráfico, nem diminuíram o consumo de drogas, contudo, nesta guerra as mulheres têm sofrido de maneira desproporcionada ao impacto da violência, uma vez que a discriminação histórica que recai sobre elas as colocou em condições especiais de vulnerabilidade.

Os estudos recentes sobre feminicídios mostram como a taxa de mortes violentas contra mulheres cresceu quase o triplo que a dos homens nos países da região mais afetados pelo narcotráfico, como também aumentou a crueldade cometida por esses atos.

O pronunciamento advertiu que a violência estrutural enfrentada pelas mulheres em virtude de suas condições, tem-se aumentado e intensificado no quadro dos conflitos que geram os mercados ilegais, nos quais seus corpos são usados como campos de batalha nas situações de confronto e levam a pior parte na conseqüente militarização dos territórios.

A Articulação Regional Feminista pelos Direitos Humanos e a Justiça de Gênero destacou que a formação de exércitos ilegais agrava os estereótipos de gênero e exige masculinidades estabelecidas na dominação e uso da força desmedida e feminilidades dependentes e submissas.

Em situações de alta violência, a crueldade contra as mulheres tem conotações simbólicas dentro dos grupos armados, que não mostram piedade com os corpos das mulheres, mas também os que não pertencem a grupos armados podem ter fácil acesso às armas e fazer uso delas no ambiente doméstico contra as mulheres e se beneficiam igualmente da fraca atuação dos sistemas de justiça e impunidade.

Finalmente, as entidades que formam a coalizão de organizações de mulheres fizeram um chamado às autoridades presentes na IV Cúpula, para que se analise e se revisem as políticas antidrogas e busque soluções para a erradicação da violência contra as mulheres.

Por Jean Ganso,Com Focando a Notícia
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