Se esse crescimento perdurar até o final deste ano, a Paraíba vai atingir a estimativa feita pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), que previu que o Estado terá 940 novos casos de câncer de próstata até dezembro de 2012.
Os especialistas alertam que a incidência será maior em homens com mais de 40 anos, que possuem alimentação rica em gordura e ingerem cafeína em excesso. Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, seção Paraíba, Everson Medeiros, a resistência em fazer os exames preventivos ainda é apontada como a principal causa do aumento da incidência da doença.
Ele explica que o homem, ao completar 40 anos, deve realizar o chamado exame de toque retal uma vez por ano. O especialista alerta que o procedimento é importante porque é capaz de detectar o início do desenvolvimento do tumor.
“Em estágio inicial, o câncer de próstata não apresenta sintomas, o que permite que a patologia fique despercebida durante muito tempo. Os primeiros sintomas só aparecem quando o câncer já está em estágio avançado”, detalhou.
Na Paraíba, outro motivo que favorece o aparecimento dos casos é a escassez da assistência de saúde. O único hospital de referência no tratamento da doença é o Napoleão Laureano, que funciona em João Pessoa. Pacientes de outras cidades precisam se deslocar até a capital para encontrar auxílio. Foi o que aconteceu com o pai da dona de casa Bernadete Lourdes da Silva.
A mulher estava ontem pela manhã no hospital, em busca de medicamentos para o pai, diagnosticado com câncer de próstata. Os dois moram no município de Ouro Velho, localizado na microrregião do Cariri Ocidental, a 329 quilômetros de João Pessoa. Apesar da distância, precisam enfrentar seis horas de viagens para realizar exames no Napoleão Laureano.
“Meu pai tem 82 anos e descobriu há pouco tempo que está com essa doença. A gente nunca desconfiou de nada, porque ele sempre pareceu ter muita doença. Foi um ‘baque’ para todos nós.
Graças a Deus, ele já está sendo medicado”, declarou.
Em estágio avançado, a doença causa dificuldade de urinar, dores nos ossos e perda de peso sem motivo aparente. “Quando o paciente chega com esses problemas no consultório, recomendamos que ele faça alguns exames que ajudam a descobrir se aquilo se trata de um câncer”, explica Everson Medeiros.
Entre as análises feitas, estão aquelas que detectam doenças sexualmente transmissíveis, a ultrassonografia e tomografia da próstata. “A predisposição genética é um dos fatores de incidência da doença. Por isso, os homens que tiveram pais ou avós com câncer de próstata, devem redobrar os cuidados, porque possuem mais chances de também desenvolver a doença”, advertiu o urologista.
Segundo o oncologista e diretor geral do Hospital Napoleão Laureano, João Simões, o tratamento é longo, desgastante e dura, em média, um ano. Em alguns casos, o paciente precisa se submeter a sessões de quimioterapia, que provoca diversos efeitos colaterais.
A boa notícia, no entanto, é que, se descoberto no início, a doença é totalmente curável.
Por Jean Ganso,com JP Online