A Câmara dos Deputados aprovou nesta 
quarta-feira (19) em segundo turno, por 320 votos a favor, 152 contra e 1
 abstenção, a proposta de emenda à Constituição (PEC) que reduz 
maioridade idade penal de 18 para 16 anos no caso de crimes de homicídio
 doloso, lesão corporal seguida de morte e crimes hediondos, como o 
estupro. O texto segue agora para o Senado, onde precisará passar por 
duas votações para ser promulgado.
A matéria foi aprovada em primeiro turno
 no início de julho, com 323 votos favoráveis e 155 contra, sob 
protestos de deputados contrários à mudança constitucional. Um texto um 
pouco mais abrangente havia sido rejeitado pelo plenário na véspera, mas
 após uma manobra regimental, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha 
(PMDB-RJ), colocou o tema novamente em votação e o texto acabou 
passando.
Após a sessão desta quarta, Cunha disse que o resultado era esperado.
 “Eu disse que ninguém mudaria o voto. Eu achei que daria até um pouco 
menos, pelo tamanho do quórum que tinha. Acabou dando mais votos [que no
 primeiro turno]”, afirmou o peemedebista, que é defensor da redução da 
maioridade.
Pela proposta aprovada pela Câmara, os 
jovens de 16 e 17 anos terão que cumprir a pena em estabelecimento penal
 separado dos menores de 16 e maiores de 18. Após completar 18 anos, 
eles irão para presídios comuns. A votação ocorreu sem a presença de 
manifestantes no Salão Verde e com as galerias do plenário vazias.
Contrária à PEC da Maioridade Penal, a 
presidente da União Nacional dos Estudantes Secundaristas (UBES), 
Bárbara Melo, disse que o presidente da Câmara vetou a presença do 
público. “Não abriram as galerias. Normalmente, eles dão senhas aos 
partidos e distribuem. Ficamos na expectativa, mas não houve 
distribuição de senhas e não pudemos entrar”, disse.
Sobre ausência de manifestantes no Salão
 Verde, a presidente da UNE explicou que a maioria dos jovens veio ao 
Congresso pela manhã. “A gente mobilizou a galera mais cedo e o pessoal 
não pode ficar até agora. A gente priorizou o contato com os deputados 
de manhã”, disse.
Críticas e defesa do texto
No plenário, deputados favoráveis e contrários à proposta se alternaram na tribuna para apresentar suas posições a respeito da PEC. A deputada Maria do Rosário (PT-RS) criticou a redução da maioridade penal e cobrou que União, Estados e municípios atuem de forma integrada para evitar que os jovens entrem no crime. “Precisamos de políticas cada vez mais integradas para enfrentar a violência, que não é culpa da juventude”, afirmou.
A líder do PCBdoB, Jandira Feghali (RJ),
 disse não haver comprovação de que a redução da maioridade penal 
diminua a criminalidade. Ela argumentou ainda que as medidas 
socioeducativas já têm o efeito de punição.
“Há uma divulgação de que quem é contra a
 maioridade penal é a favor da impunidade. No Brasil, crianças a partir 
de 12 anos já são punidas, inclusive com privação de liberdade em 
espaços próprios. Nós neste plenário estamos esquartejando a 
Constituição, que é clara quando aponta que é preciso haver diferença do
 tratamento dependendo da idade”, discursou a líder do PDC, Jandira 
Feghali (RJ).
Já o deputado Moroni Torgan (DEM-CE) 
destacou que países desenvolvidos, como Estados Unidos e Inglaterra, 
punem adolescentes por atos equivalentes a crimes. “Os países de 
primeiro mundo permitem que os maiores de 13 e 14 anos sejam 
responsabilizados. Aqueles menores que querem usar da impunidade para 
matar, estuprar e fazer delito grave, esses vão ter a certeza de que a 
partir de hoje não terão mais impunidade.”
O deputado Delegado Éder Mauro (PSD-PA) 
lembrou do caso das quatro jovens no Piauí que foram vítimas, em maio, 
de um estupro coletivo por um grupo formado, na sua maioria, por 
adolescentes. “Em nome das meninas do Piauí que foram estupradas, o PSD 
vota sim”, afirmou.
